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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 29 dial de recursos humanos da Vice, afirmou nume-mail à CJR que, desde que entrou na empresa, há mais de um ano, o assédio sexual “nunca foi umproblema”. “Não tivemos de lidar comnenhumcaso de assédio sexual”, escreveu. “Sinceramente, não sabia o que esperar quando vim trabalhar aqui, mas o profissionalismo, o res- peito e o compromisso que vejo são extraordinários, e equivalentes ou superiores aos de qualquer outra empresa do setor.” Em meio a isso tudo, a empresa se esforça para preservar sua ima- gem pública. Para esta reportagem, falei com mais de 20 pessoas que trabalham ou trabalharam na reda- ção, tanto contratados como fri- las. Muitos tinham receio de falar e alguns estavam sujeitos ao con- trato de confidencialidade firmado ao serem contratados. O manual da organização diz que funcionários estão proibidos de falar com a mídia sem autorização e “devem informar imediatamente o diretor de comu- nicação ou um gerente sênior caso um meio de comunicação solicite informações sobre os negócios da empresa antes de dar qualquer res- posta à solicitação”, segundo a Capi- tal NewYork. Jake Goldman, diretor de comunicação da Vice e ex-secretá- rio adjunto de imprensa no governo Michael Bloomberg em Nova York, organizou minhas entrevistas com dois editores e um repórter – e par- ticipou delas. Apesar da autentici- dade que tanto alardeia, a impres- são é que a Vice só quer a atenção que escolhe a dedo. Estética crua A fórmula de produção de vídeos repousa num estilo que a empresa chama de “imersionismo”: uma esté- tica francamente crua que repercute entre o público cansado e desconfiado de tudo o que émuito rígido e pasteu- rizado. Por ora, parece que tudooque é submetido a essa fórmula se torna des- pretensioso. Só que o noticiário televi- sivo é o maior exemplo da pretensão da velha mídia, um universo de falas dramatizadas, transições calculadas e apresentadores com toneladas de maquiagem. Nada mais distante das raízes irreverentes da Vice. A Vice News está na internet e os editores se atêm a temas globais de apelo para o público jovem, como bru- talidade da polícia, mudança climá- tica, protestos estudantis. Na “cáp- sula” diária, um resuminho de notí- cias do mundo todo em dois minutos e meio, é mais provável falarem do cultivo do salmão chileno do que de picuinhas no Congresso americano. Amaioria dos vídeos jornalísticos é breve – um informe sobre a Ucrânia, por exemplo – ou documentários de 20 a 30minutos normalmente domi- nados pela figura do apresentador, alguém de 20 e poucos anos com que o público se identifica narrando com incredulidade o que vê. Como mos- trou o estrondoso sucesso do podcast Serial , sobre crimes reais, a aura de O correspondente Danny Gold responde a perguntas sobre seu trabalho… … num programa semanal ao vivo, o On the Line , patrocinado pelo Skype ARQUIVO CJR ARQUIVO CJR

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