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32 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 Danny Gold, um queridinho das câmeras na Vice News que nos últi- mos meses despachou de Serra Leoa, Guiné e Libéria, lembra do papo com o editor-chefe, Jason Mojica, antes de ser contratado: “Eu perguntei se aquilo ‘era o tipo de coisa que [ele] queria que alguémcomomeupai lesse e assistisse’. E ele disse que sim. Foi o que me convenceu”. Na hora de explicar como, exata- mente, a Vice pretende aplicar sua tarimba na internet no noticiário tele- visivo, Sutcliffe foi um túmulo. “É muito prematuro”, disse – embora tenha dado a entender que umtelejor- nal tradicional que oferece 30 minu- tos de tudo que você precisa saber naquele dia pode não ser ameta. “Há, sim, um público que vem para um dado programa numdado momento, mas, cada vez mais, as pessoas estão totalmente informadas durante o dia, pois estão entrando e saindo [do noti- ciário]”, completou. Um represen- tante da HBO declarou que o presi- dente de programação, Michael Lom- bardo, estava ocupado demais para falar com a CJR sobre o programa da Vice. Um noticiário é um instrumento importante para promover a marca, sobretudo a de um meio que tenta deixar a imagem de “bad boy”. Mas também é uma commodity. Sutcli- ffe admite que a Vice News entrou no mercado “pré-munida” de um público jovem de outros canais da empresa. “Tínhamos certeza de que havia umpúblico grande comsede de informações sobre o mundo”, decla- rou. “Mas não estavam falando com [esse público] numa língua que fizesse algum sentido para ele.” AViceNews veicula anúncios antes de vídeos (os chamados “pre-roll”) e dá conteúdo pago, mas Sutcliffe não diz como a operação ganha dinheiro, nem se dá lucro. “No primeiro ano, a ideia é ganhar público”, informou. Se há uma empresa capaz de fazer a geração domilênio ver notícia na TV, é a Vice.Mas não porque a abordagem da empresa ao jornalismo seja espe- cialmente distinta. Parte daquilo que produz tem muito mais em comum coma velhamídia do que sua imagem poderia sugerir. Isso inclui a antissép- tica entrevista – com o presidente do BancoMundial, JimYongKim, oucom o então líder do Partido Liberal cana- dense, atual primeiro-ministro, Justin Trudeau – que poderia ter aparecido emqualquer canal de jornalismo. Isso posto, ela sabe falar num idioma que agrada seu público. “É a mera capa- cidade de contar os fatos num tomde voz que a geração do milênio conse- gue ouvir”, explicou Eunice Shin, da Manatt Digital Media. Abordagem genuína Talvez amudançamais importante na atitudedaVice tenhasidodeixarde ten- tar parecer descolada – a “bíblia hips- ter”, como era conhecida nos dias de revista – para tentar parecer genuína. Na era da absoluta overdose de infor- mação, opúblicoprecisaqueessemate- Host Kaj Larsen conversa com vítimas do Boko Haram na Nigéria Shane entrevista Justin Trudeau, atual primeiro-ministro do Canadá, em junho de 2015 ARQUIVO CJR ARQUIVO CJR

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