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34 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 A vibe brasileira da Vice A filial brasileira trouxe da nave-mãe a fórmula de gerar conteúdo informativo, em parte revestido de produto comercial à disposição das marcas a grande cutucada que a vice vem dando nos negócios globais de mídia não aportou no Brasil, mas a atuação do veículo aqui já mostra certa dife- rença em relação ao modo de fazer e vender jornalismo – principalmente vender. A filial local, depois de quase sete anos no país, ainda tempresença discreta e trouxe da nave-mãe uma receita prática de sobrevivência: pro- duzir conteúdo jornalístico e reves- tir parte dele de produto comercial à disposição das marcas. É algo que a comunidade jornalística nacional sempre viu comalgumdesprezo, sen- tada sobre seus problemas de caixa e insolvência. O branded content já vem dando as suas caras na mídia brasileira. Todos os grandes veículos jámontaramsuas áreas para comercialização de con- teúdos editoriais sob encomenda de empresas. Antes, os informes publici- tários e os publieditoriais eramveicu- lados de forma a distingui-los do res- tante do material jornalístico, deli- mitando o território da publicidade e do marketing. A barreira foi rom- pida, ainda que haja certo pudor na apresentação. O leitor não é enganado, mas se não prestarmuita atenção leva gato por lebre, sem nenhuma cono- tação pejorativa nessa comparação. Para Daniel Conti, CEO da Vice Brasil, o branded content faz parte da maneira como o veículo se comu- nica com sua audiência, o seu leito- rado – e o mercado anunciante bra- sileiro percebeu isso, ainda que com alguma demora. E a maneira como a Vice faz, segundo o executivo, reflete de modo autêntico “os hábitos, valo- res e linguagem” do público-alvo: os millennials , homens e mulheres nas- cidos entre os anos 1980 e meados de 1990, boa parte nativos digitais e que cresceram sob as benesses de um período econômico mais próspero. Mas os millennials não são aquela geração que, emmenor oumaior grau e dependendo das regiões em que vivem no mundo, tem mais apreço por valores emenos pormarcas, busca qualidade, ética e responsabilidade social em vez de grifes? Bom, é o que dizemseus representantes, enquanto fazem fila na porta da loja da Apple para adquirir as últimas novidades em smartphones. No Brasil, a Vice tem realizado ENQUANTO ISSO NO BRASIL... SANDRA MURAKI

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