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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 35 projetos para marcas que querem falar com os millennials daqui, como Nike, Skol, Ray-Ban e Smirnoff. São ações que envolvem a cobertura jor- nalística de eventos, cujas repor- tagens trazem a informação explí- cita sobre o patrocínio, ou a produ- ção de vídeos para exibição no site ou apenas nos canais próprios das empresas. O veículo se tornou assim também uma agência de criação de marketing e, para isso, conta com seu conhecimento do que querem os millennials , de sua linguagem e de seus hábitos de consumo. Em fevereiro, por exemplo, a Vice veiculou uma websérie global patro- cinada pela Volkswagen. Em quatro episódios de pouco mais de quatro minutos cada, a peçamostrou andan- ças da DJ Throwing Shade, que pensa em sair de Londres e morar em outra cidade europeia. Ela viaja para Lis- boa e Leipzig, onde circula discre- tamente em automóveis Volkswa- gen e visita locais da cena musical e cultural. Produção muito bem-cui- dada, aborda uma questão existen- cial que afeta boa parte dos jovens (morar em outra cidade, em outro país) e centra-se numa personagem icônica, que faz parte dos interesses desse público. ADJ se pergunta onde viveria melhor, commenos dinheiro, num ambiente artístico inspirador e compossibilidade de exercer seu tra- balho. Matou a pau. Jovens escrevendo para jovens A começar pelas pautas, a Vice Bra- sil segue o receituário editorial glo- bal do grupo. Muito provavelmente, não se encontrarão nos demais veícu- los reportagens com abordagens des- caradas e inusitadas sobre sexo e dro- gas ou representativas do jornalismo imersivo preconizado pela publicação e que coloca seus jornalistas no meio (literalmente) de guerras. Aqui noBra- sil, os seus jornalistas vão para omeio do protesto, quase tomam porrada da polícia e ficam “putos” com a trucu- lência. Seguem para a periferia con- flagrada de São Paulo e contamhistó- rias cruas de medo e violência. Segundo Fernanda Negrini, dire- tora executiva de Conteúdo, a Vice Brasil cobre “assuntos diversos que outros veículos não cobrem o sufi- ciente e cobre assuntos populares comuma abordagemoriginal”. O veí- culo publica regularmente reporta- gens sobre jovens fotógrafos brasilei- ros, literatura, quadrinhos, sexo, cena underground, meio ambiente, moda e cultura em geral. A linguagemdos textos, dos longos aos menores, é cuidadosamente dis- plicente, arrogante, chula, às vezes tudo junto. Não dá para ler, obvia- mente, com as lentes do jornalismo de precisão e procurando a correção do idioma. “Se for um texto de ‘jor- nalismo de terno e gravata’ não vai funcionar”, diz Fernanda. Aomesmo tempo, se um dos colaboradores do site tentar forçar nas gírias, por exem- plo, “o resultado também não vai ser bom”, acrescenta a jornalista. A redação da Vice Brasil é com- posta de 15 jovens jornalistas, todos comum jeitão meio hipster. Eles tra- balham numa espaçosa casa de três andares no bairro deMoema, na zona sul de São Paulo. “É importante que o profissional se identifique com o nosso conteúdo e tenha uma sacada da forma, que é o que nos diferen- cia como veículo. Na grande maio-
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