RJESPM 16
42 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 a outra metade é composta de pro- fessores de Jornalismo e de executi- vos do mercado editorial. Ao receber uma denúncia contra um jornalista ou veículo, o conselho pode atuar como mediador entre as partes, ou convo- car uma audiência formal. Depois, anunciará sua decisão, mas ele não pode obrigar o veículo a publicá-la, nem aplicar multas ou punições ao veículo. Sua autoridade é sobretudo moral. Alguns críticos dizem que ele tem pouco poder de fato. Na Noruega, a Comissão Norue- guesa de Ouvidoria da Imprensa tra- balha emuma atmosfera diferente. O governo norueguês ameaçou impor a regulação dosmeios de comunicação, caso eles não fizessem isso. AComis- são é formada por dois editores, dois jornalistas e três representantes do público. Algumas das reuniões são transmitidas ao vivo. A maior parte dos veículos reconhece sua autori- dade. Ela não pode aplicar multas, mas os jornais e emissoras associa- dos devem publicar ou transmitir as decisões da comissão. Esses conselhos e organizações ser- viram ao público ao resolver várias denúncias sobre questões éticas. Eles ajudaramosmeiosnoticiosos também, ao solucionar problemas que pode- riam ter virados processos judiciais demorados. E o trabalho dos conse- lhos evitou que os governos regulas- sem a imprensa diretamente. Pressão do mercado E, por fim, existem os países pratica- mente sem leis ou conselhos de classe para reger o trabalho da imprensa. Entre eles estão os Estados Unidos. É claro, algumas leis, como as que fazem referência à difamação e à invasão de privacidade, aplicam-se aos veículos, mas não são leis específicas para os meios de comunicação. Em geral, o governo americano e a opinião pública aplicam à imprensa a mesma aborda- gemdedicada a outros setores da eco- nomia: deixam que o mercado tome suas próprias decisões. É verdade que não faltam grandes conglomerados de comunicação nos Estados Unidos. Mas a pressão que o mercadoexerce sobre eles temque ser levada emconsideração. Quando sur- gem escândalos nos meios de comu- nicação americanos, as empresas rea- gem rápido para evitar a fuga dos anunciantes e o boicote do público. Os agentes reguladores do governo não são tão necessários quando cida- dãos podem se organizar para exer- cer um poder econômico significa- tivo. Além disso, naquele país a crí- tica aos meios de comunicação cons- titui uma indústria grande e pode- rosa. Ela vai desde blogueiros preo- cupados com a ética no jornalismo até os ativistas mais radicais de cau- sas políticas ou sociais, que vão bater em tudo que não esteja de acordo com seus pontos de vista. São esses ativis- tas que criam campanhas no Twitter e no YouTube que alcançam cente- nas de milhares de pessoas em ques- tão de horas. As forças domercado tambémtrou- xeram uma nova leva de competi- dores para o cenário da comunica- ção, comoHuffington Post, Vice, Vox, BuzzFeed, Oxy e Quartz. Todos bus- Como seria o controle da imprensa? Por leis nacionais ou internacionais? Associações de classe? Uma parceria entre entes públicos e particulares?
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