RJESPM 16

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 51 Joseph à Colômbia por dez dias para fazer uma série de reportagens sobre o vírus zika. O Stat também mandou jornalistas para cobrir a disputa à Pre- sidência dos Estados Unidos emIowa e New Hampshire. “Não acho que muitas publicações de ciência e saúde tenham feito o mesmo”, diz Berke. Vítimas da crise Tudo isso ocorre no curiosomomento de transformaçãodeuma editoria clás- sica. Embora veículos como The New York Times e The New Yorker sigam investindo no jornalismo científico voltado ao grande público – um belo exemplo é a deslumbrante cobertura da descoberta das ondas gravitacio- nais, há pouco –, são raras as publica- ções de interesse geral que continuam a fazê-lo. Como já mostrou em deta- lhe a CJR [sobre o tema, a RJESPM publicou, entre outras, a matéria de capa “Você já ouviu falar em Elise Andrew?”, na edição nº 11], a edito- ria de ciência foi uma das primeiras a serem cortadas dos jornais diários: em 1989, havia 95 seções semanais de ciência ou saúde nos principais jornais americanos, número que caiu para 34 em 2005 e para 19 em 2013. O grosso da cobertura de ciência hoje em dia foi consideravelmente “suavizado” e transferido do noticiário geral para a seção Estilo de Vida. ACNNeliminou a equipe inteira de ciência em 2008. No mesmo ano, a Columbia Univer- sity suspendeu o programa de jorna- lismoambiental, citandoentreas razões “o fraco mercado de trabalho”. Outra instituição, a Johns Hopkins, encer- rou o programa de jornalismo cientí- fico em 2013. Publicações especializadas em ciência não estão imunes às transfor- mações tectônicas do setor de mídia. A Science Magazine viveu uma dolo- rosa transição ao migrar para um modelo focado no digital. No começo do ano, o blogKnight Science Tracker saiu de cena. Emsetembro, a National Geographic abandonou o caráter de organização sem fins lucrativos que era sua marca desde 1888. Agora, é controlada por uma sociedade enca- beçada por Rupert Murdoch, da Fox, que comprou a empresa por US$ 725 milhões. O que surpreende, de certa forma, é o surgimento de muitos meios em várias plataformas para preencher o vazio. A emissora pública de rádio WNYC criou uma nova editoria de saúde em 2014. No mesmo ano, um site da Austrália – The Conversation, que junta jornalistas e acadêmicos para levar notícias de ciência e saúde ao grande público – lançou uma edi- ção americana. Após o retorno triun- fal de sua série Cosmos em 2014, Neil deGrasse Tyson passou a apresentar no canal National Geographic o pro- grama semanal StarTalk , que nasceu de seu festejado podcast. O primeiro convidado da segunda temporada, que estreou emoutubro passado, foi o ex-presidente americanoBill Clinton. Uma série de podcasts e programas de rádio voltados à ciência tambémvirou sucesso de público, entre eles Invisibi- lia , que dois veteranos da rádio NPR lançaram em janeiro de 2015. E, aí no meio, tem o recentíssimo Stat. “O John Henry (…) desde o iní- cio queria investir recursos para que [o site] se destacasse”, diz o editor executivo, Rick Berke. Embora não dê informações sobre o orçamento, Berke admite ser “obviamente, de vários milhões de dólares ao ano”. Também afirmou que o Stat quer ser financeiramente independente e, a certa altura, ter lucro coma receita de publicidade, patrocínios e parcerias commeios que utilizamseu conteúdo, como os americanos MSN, Business Insider e PBS NewsHour. Segundo a editora-chefe, Stephanie Simon, even- tos seriam outra opção. Mas Berke

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