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52 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 garante: “Não temos pressa. O John Henry sabe que precisamos de tempo para estabelecer nossa reputação”. Berke fez carreira no New York Times e no site Politico. O salto que deu no ano passado, para uma publi- cação totalmente nova, que cabia a ele erguer do zero, foi “muito difícil”.Mas ele explica a decisão: “Se não tivesse dado [o salto], estariamuito arrepen- dido. Enquanto considerava e rumi- nava [a proposta], eu meio que sabia que, paramim, era uma oportunidade única na vida.” Cerca de um ano atrás, quando começou a considerar a oferta, Berke passou um tempo conversando com cientistas emKendall Square, o locus da biotecnologia em Boston. “Saí de uma reunião comtrês páginas de ano- tações sobre ideias de reportagens que ninguém tinha feito”, diz. “Se esti- vesse no New York Times dos velhos tempos, todas virariam matéria de capa. Tem tanta história sobre pes- soas, personalidades e conflitos (na ciência e na saúde) que ninguémestá cobrindo, não importa o lugar.” É por isso que o volume de projetos inova- dores de jornalismo científico surgi- dos nos últimos tempos não assusta Berke: há histórias interessantes e urgentes para todo mundo. Paramontar a equipe, Berke foi pro- curar gente “que realmente [nos] desse uma credibilidade instantânea”, o que incluiu profissionais comexperiência em jornalismo científico e “a turma mais inteligente que vinha saindo da faculdade”. Berke diz ter ficado sur- preso com o número de gente que acreditava no projeto o suficiente para deixar um emprego “em tempo inte- gral, aparentemente seguro” emmeios como The NewYork Times , Washing- ton Post , Politico, Reuters, Bloomberg e Sacramento Bee . “Queríamos gente que entendesse muitode saúde e ciência, pois nenhum de nós tinha formação científica”, diz Simon, referindo-se a si mesma e a Berke. O Boston Globe foi um dos jornais que tinhamcortado a seção de ciência e saúde – quatro anos antes de John Henry comprar a empresa. Mas, com o Stat, o jornal pode aproveitar o con- teúdo que quiser para suas páginas (e vice-versa). UmfuncionáriodoStat vai à reunião de pauta matutina do Bos- tonGlobe e informa a redação sobre as reportagensqueo siteestápreparando. Laboratório de jornalismo O Stat funciona como uma operação independente do jornal. Toma as pró- prias decisões editoriais e se pauta por regrasprópriasnahoradepublicaralgo. Mas o jornal ganhar por ter, na prática, um laboratório interno de novo jorna- lismo. Já o Stat pode tirar partido da sólida estrutura de tecnologia da infor- mação e recursos humanos do jornal, o que ajuda a start-up a avançar mais depressa do que o normal. E, quando o Globe dá uma matéria do Stat em seu site, “tambémnos dá umbom empur- rão”, dizBerke. “Éuma parceria, como tudo hoje em dia.” Berke sugere que o recente cresci- mento do jornalismo científico, após anos de declínio, pode ser atribuído ao fato de que, coma internet, é possí- vel tratar umassuntodemaneiranova, instigante, com multimídia – e expli- car informações que, semisso, parece- riaminacessíveis oudesinteressantes. Há uma considerável diferença entre os meios jornalísticos de hoje e os de dez anos atrás. “Não é por acaso que nossa equipe multimídia tem anima- dores e [especialistas em] visualização de dados”, completa Berke. Berke declara que é um trunfo para o Stat ter um nome como o autor científico Carl Zimmer como cor- respondente nos Estados Unidos. Embora fosse tentador colocar o célebre escritor para produzir tex- tos para o site, o Stat achou umnicho novo para Zimmer: a série de vídeos Science Happens! , que faz Zimmer visitar laboratórios em todo o país para explicar ao telespectador o que encontra – seja um grupo de cientis- tas “cultivando” cérebros em labo- ratório, seja pesquisadores investi- gando o que a minhoca tem a ensi- nar sobre o processo de envelheci- mento do homem. É um experimento – jornalístico, não científico –, como quase tudo no novo site. E nem tudo é umsucesso. O Stat já fezmuita correção de curso, e é difícil chegar ao equilíbrio que busca. Por um lado, Berke não quer julgar precipitadamente uma ideia que ainda não emplacou simplesmente por não ter achado o público certo. De outro,
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