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64 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 rua. Os estados ainda mantêmo cará- ter sigiloso dos documentos relativos à pena de morte. A polícia criou um muro de silêncio em torno dos regis- tros sobre a morte de Freddie Gray – um jovem negro que morreu em cir- cunstâncias não esclarecidas após ser preso pela polícia de Baltimore. Os promotores de Saint Louis apre- sentaram acusações contra jornalis- tas, por sua apuração sobre os con- flitos em Ferguson, Missouri, depois que um homem negro foi morto pela polícia. Funcionários da universidade doMissouri impediramo trabalho de jornalistas que tentavamcobrir os pro- testos no campus. A lista continua Não é novidade, é claro, que agentes do governo e órgãos públicos tentem minimizar sua exposição ao olhar atento do público. Esses exemplos não são necessariamente os mais pre- cisos, e em muitos dos casos as pes- soas que exigiram transparência ven- ceram. Não cheguei a fazer uma aná- lise para saber se o sigilo é uma ten- dência em crescimento. Mas acho que o sigilo é uma grande ameaça à liberdade de imprensa, e paramim2015 nos deumuitas razões para ficarmos preocupados com essa intimidação. Preocupo-me com os recursos e com a criatividade que o governo emprega para se esquivar do público e da imprensa. Incomoda-me saber que o orçamento de muitos jornais está cada vezmenor. São esses órgãos que tradicionalmente poderiam bri- gar para garantir acesso a documen- tos públicos, para abrir portas fecha- das de reuniões, para revelar deci- sões judiciais. Fico perturbado com os efeitos que o sigilo das ações do governo pode ter sobre a responsa- bilidade democrática, que deveria ser o exemplo dos Estados Unidos para o mundo. E me preocupo com esse exemplo, como papel que deveríamos desempenhar. Os Estados Unidos não podem ser o país de um governo que processa quem pede acesso a docu- mentos e que esconde seus registros da pena de morte, ao mesmo tempo que interfere na apuração de repórte- res e se recusa a divulgar dados sobre amorte de alguémdetido pela polícia. Nós precisamos melhorar Os americanos sempre acreditaram que “é mais provável chegar a uma conclusão acertada reunindo muitas vozes, mais do que em uma escolha arbitrária”, conforme disse Learned Hand, filósofo do direito e juiz no fim dos anos 1940 citado até hoje emdeci- sões da Suprema Corte dos Estados Unidos. Para essa reunião de vozes é fundamental que as informações pos- samfluir livremente, para que os cida- dãospossamtomar boasdecisões sobre as questões públicas. Em outras pala- vras, a responsabilidade comparti- lhada de tomada de decisões requer a distribuição de informação. O direito à informação não deve ser um fardo, mas algo para ser vivido – e para ser honrado pelas pessoas que elegemos para o governo. Para aqueles de nós no papel de sen- tinelas, só a preocupação não basta. Temos que trabalhar, individual e institucionalmente, para proteger os valores da transparência e da accoun- tability . Eles necessitam do cuidado contínuoda imprensa.Devemosdefen- der a abertura. Temos que escrever sobre as tentativas de impedir o acesso a documentos e de escapar do con- trole da opinião pública. Temos de falar sobre sigilo e restrições. Nós devemos procurar a Justiça sempre que necessário. Jornalistas são os responsáveis pela transparência de um governo, e tam- bém os que mais se beneficiam dela, então no fim das contas acho que posso estar ensinando o Pai Nosso ao vigário. E também acho que já faze- mos tudo isso. Mas em 2016, após um anomarcado pelos esforços para blin- dar questões públicas da atenção do público, espero que nós renovemos nossas próprias forças enquanto con- tinuamos a luta pela transparência. ■ jonathan peters é correspondente da CJR , especializado em liberdade de imprensa. É advogado e professor assistente de jornalismo na University of Kansas. Escreveu para veículos como Esquire , The Atlantic , Sports Illustrated , Slate , The Nation , Wired e PBS. Seu Twitter é @jonathanwpeters. O direito à informação não deve ser um fardo para ninguém. E deve ser prioridade para pessoas eleitas para cargos públicos Texto originalmente publicado em 8 de janeiro de 2016 em www.cjr.org.br

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