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66 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 Para ouvir as minorias Em Yale, questões como intolerância racial e diversidade do corpo docente geram debates inflamados sobre o viés da apuração de manifestações e ativismo estudantil por danny funt “essa forma mascarada de racismo – na qual um falso debate sobre ‘liber- dade de expressão’ é usado para ques- tionar a humanidade deminorias étni- cas – precisa acabar”, afirmou Eliza- beth Spenst, veterana da Yale Univer- sity, num texto que circulou durante manifestações por justiça racial no campus em novembro de 2015. De longe, a declaração reforça a narra- tiva dominante sobre o ativismo estu- dantil em Yale e no resto dos Estados Unidos: a saber, que os manifestan- tes exigem isenção das regras do dis- curso aberto. Spenst, que é negra, tascou o título “This Is Not an Op-ed” (“Esse não é um artigo de opinião”) no texto por achar que sua visão da cultura do racismo em Yale é fato, e ponto. Se não partirmos desse princípio, ale- gammanifestantes, é a eles que estaria sendo negada a liberdade de expres- são. Sua voz não pode ser igual num sistema inclinado a aviltá-los. Nervos à flor da pele O texto saiu na Down , uma revista uni- versitária digital para estudantes per- tencentes aminoriasétnicasqueSpenst ajudou a fundar há mais de um ano e da qual é diretora de redação. Estive com ela há alguns meses num café ao lado da biblioteca Bass, no campus de Yale. Ali perto, no gramado, umpessoal jogava frisbee. Embora não se notasse nenhumamudança aparente no cam- pus devido à repercussão nacional dos protestos, os nervos ali estavam à flor da pele. A ansiedade, concluíram comentaristas à direita e à esquerda, viria de uma hipersensibilidade infan- til – sobretudo em relação a opiniões divergentes. Para a parte ofendida, é absurdo. “Não é uma questão de ter uma con- versa inteligente sobre isso de novo e de novo”, disse Spenst. “A questão é: você não está entendendo uma informação que é muito importante, e que você precisa entender para que a gente possa ter essa conversa que você quer ter. Não posso martelar essa informação a cada vez”. O dado em questão representa a experiência da minoria – em Yale, Protestos, como este em Yale, foram realizados em várias faculdades dos EUA em 12 de novembro de 2015
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