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68 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 relação a minorias no YDN . “Émara- vilhoso ver como os meios de comu- nicação estudantis são influentes”, observa Mark Oppenheimer, profes- sor em Yale e colunista do New York Times . “O Yale Daily News e outros veículos universitários têmuma pene- tração e relevância na comunidade que o New York Times e outros meios matariam para ter.” Por todo o país, as publicações uni- versitárias se viram envoltas em con- trovérsias coma questão racial no ano passado. Yale à parte, a ameaça mais visível à livre expressão veio da Uni- versity of Missouri, onde um aluno jornalista foi indevidamente impe- dido de fotografar manifestantes (não por coincidência, vídeos feitos em Yale e Missouri viralizaram). Ques- tionar ativistas pode passar por pre- conceito. Mas qual é o impacto disso para jornalistas, sobretudo jornalistas universitários – que, embora colegas solidários, também são céticos por profissão e defensores da liberdade de expressão? Cenas registradas em Yale foram usadas como prova, para alguns, de que o ativista universitário de hoje aborda o discurso como uma intimi- dação hipócrita e infantil. Manifes- tantes parecem esperar algo contrá- rio ao jornalismo: que o que dizem não seja questionado. Um olhar mais atento sugere outra coisa. É natural que alguém rechace uma refutação se não teve, para começo de conversa, permissão para defender seu argumento. Críticas à cobertura Até por onde começar é controverso. Estudantes pertencentes a minorias criticam uma sinopse dos protestos que aponta oHalloween como o cata- lisador do processo. Com toda a razão. Embora a tensão racial emYale venha crescendohá anos, a cobertura externa só foi se interessar depois da festa de uma fraternidade na sexta-feira 30 de outubro de 2015. No dia seguinte, uma estudante pos- tou no Facebook que uma amiga fora barrada numa festa do grêmio Sigma Alpha Epsilon (SAE) e informada de que era “só para brancas”. A autora do post, que teve mais de 1.600 cur- tidas, disse ter vivido ela mesma uma experiência parecida numa festa da mesma fraternidade no ano anterior. Uma primeira matéria no YDN veio com o título “SAE denies charges of racism” (“SAE nega acusações de racismo”). Esse tratamento enfureceu certos estudantes, que acharam que o desmentido teve destaque demais e reduziu a acusação à palavra de um contra a de outro. Aqui e acolá, acusações de racismo seguemcaminho similar. Quemacusa se sente traído por quem questiona. Dar o mesmo espaço a acusações e desmentidos é visto como precon- ceito. Ao descrever afrontas, vítimas são taxadas de melodramáticas. O diálogo é tenso e jornalistas circu- lam por um campo minado. Apesar da fartura de publicações em Yale, só o YDN tem uma cober- tura jornalística regular. A equipe de 200 pessoas ocupa uma sede de três andares que causa inveja país afora. A versão impressa do jornal está em todas as mesas no café da manhã na cantina da universidade e assimque sai da gráfica, pouco depois das 3 da matina, já pauta a conversa no campus. Militantes parecem esperar que não haja questionamento na cobertura. No entanto, é natural ficar com o pé atrás se não há espaço para defender seu argumento

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