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70 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 achar [a mensagem] meio idiota”, diz Rossler, que é diretor de redação do semanário. “Acho que é, de maneira bem óbvia, uma resposta irracional ao e-mail ao qual respondia.” “Mas não fiquei ofendido”, acres- centa. “E, sinceramente, não imaginei a proporção que a coisa iria tomar.Em grande parte, porque minha perspec- tiva é a de um homem branco, e nada daquilo que mexeu com certas pes- soas mexeu comigo.” Boa parte do país logo se inteirou do caso. Seis dias depois, houve dois confrontos importantes.Centenas de alunos se reuniram numa praça com JonathanHolloway, o primeiro reitor negro da Yale College. Queriam que ele tomassemedidas contra a festa na fraternidade e o e-mail de Christakis. Naquelatarde, a quatrominutos a pé do encontro comHolloway, o marido de Erika Christakis, Nicholas, foi falar com estudantes que escreviammen- sagens de apoio a mulheres de mino- rias no chão, a giz.Relatos sobre o que se seguiu divergem. O Down descre- veu o episódio assim: Christakisdeixouclaroaos alunosque sua intenção nunca fora benigna. Os estudantes o acusaramde tratá-los de forma condescendente, supostamente dizendo coisas como “Que bom que vocês estão exercendo seu direito à livre expressão!”, “Para que todo esse giz?” e “É isso o que acontece quando você lê a Constituição”. A certa altura, Christakis apoiou asmãos nos joelhos e se inclinou para frente, como o dono de um cão ao encarar o animal. Uma multidão rodeou Christakis e discutiu o e-mail de sua mulher por mais de uma hora. Vários minutos da altercação foramregistrados emvídeo. No clímax dessas imagens, uma aluna berra: “Quemdiabos contratou você? Você devia ir embora!”. Divergência intelectual A preocupação com a suscetibilidade da garotada precede de muito o ati- vismo recente. Uma reportagem de capa na edição de setembro de 2015 da revista TheAtlantic – “TheCoddling of theAmericanMind”, (“Como amente americana foi mimada”) – foi corredi- gida por Greg Lukianoff, omesmo que gravou, nocelular, ovídeodobate-boca deChristakis comestudantes.Naquele mesmo mês, Jonathan Chait, da New York Magazine , discorreu sobre sua visão do politicamente correto. “A expressão foi terrivelmente usada com abuso ao longo dos anos por conser- vadores, que a empregaram para des- crever praticamente qualquer forma de liberalismo ou, não raro, simples- mente de decência para como outro”, explica. Para Chait, no entanto, a cul- tura do politicamente correto mostra como a esquerdanas universidades “se tornou profundamente intolerante a qualquer ponto de vista oposto”. A imprensa americana explorou o vídeo do protesto como grande prova dessa veia: Christakis seria ummodelo de divergência intelectual civilizada; os estudantes, umamultidão fanática, beligerante. Dessa enxurrada de análises, os dois textos mais criticados por estudan- tes de Yale, até onde ouvi, foram o de Conor Friedersdorf (“The New Intolerance of Student Activism”, ou “A nova intolerância do ativismo estudantil”) na Atlantic e o de Chait (“CanWe Start Taking Political Cor- rectness Seriously Now?”, ou “Pode- mos começar a levar o politicamente correto a sério agora?”). Friedersdorf sustenta que, emYale, estudantes com boas intenções, mas hipersensíveis, preferem eliminar a oposição em vez de dialogar com ela. “Na opinião deles, respeitar o aluno é validar seus sentimentos subjetivos”, declara. “Talvez não seja surpresa que os estudantes se portem como agres- sores ainda que se vejam como víti- mas.” Chait afirma que a ideologia dos liberais no campus “prioriza a justiça de classe em detrimento de direi- tos individuais e não deixa nenhum espaço para a legítima divergência”. Essa perversão de ideais liberais será a ruína dos manifestantes, prevê. Na verdade, dizem estudantes, são autores como esses que estariam desinteressados. Quatro dias depois do confronto comChristakis, quando mais de mil pessoas participaram de uma passeata – a “March of Resi- lience” –, equipes de TV correram para NewHaven. Durante os protes- tos daquele mês, no entanto, os estu- dantes não lembramde ter vistomui- tos jornalistas. “Antes mesmo que houvesse uma cobertura adequada dos principais
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