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78 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 Nexo é só digital e sem publicidade ENQUANTO OUTROS PAÍSES as- sistem a uma tendência de sur- gimento de jornais de informa- ção geral em plataforma pura- mente digital (como na Espa- nha e Holanda, temas de notas recentes nesta coluna), o Brasil ainda não entrou de sola nes- se ciclo. Isso torna ainda mais interessante o surgimento do jornal Nexo (www.nexojornal. com.br) , lançado em novembro passado por iniciativa e investi- mento de três sócios, Paula Mi- raglia, Renata Rizzi e Conrado Corsalette, com uma redação de 25 pessoas, mais colunistas. O jornal pretende viver sem publicidade, só com assinatu- ras (R$ 12/mês) e publicar um conteúdo que seja marcado por análise e contextualização das notícias, sem perder a atuali- dade. Esse equilíbrio é sempre subjetivo, um leitor pode achar o jornal mais frio, outro mais quente. Mas é visível o esforço de destacar textos interessan- tes, supondo um leitor que já soube as “últimas notícias” por outras fontes. Na noite de 10 de fevereiro (Quarta-feira de Cinzas), o site tinha dois destaques principais relacionados à pauta do dia, sem ser noticiosos: uma análi- se dos pré-candidatos republi- canos e democratas nos Estados Unidos, cujo título dizia: “Nas prévias americanas, ninguém quer parecer ‘mainstream’”; e uma explicação de como fun- ciona o calendário que faz o Car- naval e a Páscoa mudarem de data todos os anos (esta aliás é uma daquelas histórias que jornalistas noticiosos chama- riam de “fria” mas que dez en- tre dez leitores desconhecem e se interessam por conhecer). Paula Miraglia, diretora-geral, é cientista social e estudiosa de direitos humanos e violên- cia; Renata Rizzi é engenheira e economista; e Conrado Corsa- lette é jornalista com passagens pelo Agora , Folha de S.Paulo e Estadão , onde era editor de Po- lítica até assumir a direção de redação do Nexo . Sem divulgar números de au- diência, faturamento ou custos, os editores medem o sucesso pela repercussão de algumas de suas reportagens especiais, co- mo o mapa da desigualdade so- cial no país e cálculos da per- da dos salários com a inflação e do tamanho do desemprego no país, que foram reproduzi- das e citadas por diversos ou- tros veículos. ■ SITE A ética da imprensa, entre o dia a dia e os clássicos LIVRO A IMPRENSA ENTRE ANTÍGONA e Maquiavel é uma coletânea so- bre ética jornalística organiza- da por Renato Janine Ribeiro, lançada pelo Instituto Cultural ESPM. O livro é fruto do curso de pós-graduação em Jornalis- mo com Ênfase em Direção Edi- torial, que a Escola manteve en- tre 2011 e 2013, no qual o ex- -ministro da Educação foi pro- fessor de Ética. No prefácio ao volume, Ribei- ro exalta a alta qualidade dos trabalhos apresentados por seus alunos, 11 deles reunidos na antologia (que inclui um en- saio final do organizador). Os autores refletem sobre a decisão de publicar ou não uma reportagem “que pode afetar sua credibilidade profissio- nal, sua autoestima como pes- soa, sua posição como deten- tor de cargo de confiança de seus patrões”. Diferentemente dos manu- ais teóricos, aqui os textos fa- lam sobre experiências concre- tas de conflitos éticos. Os au- tores usam dois clássicos co- mo paradigmas: Antígona , de Sófocles, que tem de optar en- tre a convicção e a lei que pro- íbe enterrar o corpo do irmão, julgado traidor pelo rei; e Ma- quiavel, para quem, em busca do êxito, o “Príncipe” pode “va- ler-se do mal”. ■ A Imprensa entre Antígona e Maquiavel Renato Janine Ribeiro (org.) Instituto Cultural ESPM/ Editora Referência, 2016 136 páginas REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO

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