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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 7 ROUBOU A CENA em meados de fevereiro , uma entrevista inesperada para a revista BrazilcomZ explodiu nas redes sociais. Mirian Dutra, ex-amante de FHC, rompia o silêncio. Logo em seguida, numa quin- ta-feira, 18 de fevereiro, a Folha de S.Paulo publicou nova entrevista da ex, feita por Natuza Nery. Mirian contou que conheceu Fernando Henrique Cardoso em Brasília, em 1985, quando era jor- nalista da Globo. Segundo ela, o romance durou seis anos, atravessou dois abortos (pagos por ele) e resultou num filho. Dois testes de DNA realizados nos Estados Unidos indicam que FHC não é o pai, mas a ex alega que os exames foram fajutados. Mirian foi morar na Espanha e continuou contratada pela Rede Globo, embora tenha sumido dos telejornais. Além desses proventos, passou a ganhar um salário da concessionária das lojas duty free em aeroportos brasileiros, empresa de nome Brasif. Era um contrato de fachada, ela não esconde. Ganhando sem trabalhar, ficou esse tempo todo sem falar. Até que falou. E como falou. Roubou a cena. Sacudiu a agenda da imprensa pátria. Virou assunto obrigatório. Na mesma quinta, dia 18, o Jornal Nacional entrou com uma reportagem de seis minutos e dez segundos, encerrada por uma nota da Globo assegurando que, enquanto figurou nos quadros da emissora, “Mirian Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo”. A partir daí, o affair monopolizou o noticiário. Para alguns paranoicos, e ex estaria a serviço do PT, como agente diversionista escalada para tirar das cordas os líderes do partido implica- dos em inquéritos e julgamentos pouco edificantes. Para outros histéricos, ao falar tanto da ex, a “mídia burguesa” teria a intenção de neutralizar de vez os rumores que espreitam a reputação de FHC, impedindo que eles voltem a causar estragos no futuro. Entre paranoias e histerias, resta saber (por ser de interesse público) se houve desvio de poder, de dinheiro ou de influên- cia nos escombros da paixão extraconjugal. Se a vida íntima se abastece da vida pública, é pre- ciso esclarecer tudo. Esperemos que o affair não tenha roubado nada além da cena. No mais, como sabemos desde a Bossa Nova, “o amor é a coisa mais triste quando se desfaz”. Só não precisava ser coisa tão feia. ■ MONTAGEM/LATINSTOCK/REPRODUÇÃO DO TWITTER Fotomontagem sobre imagem da jornalista Mirian Dutra
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