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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 11 FIM DE UMA ERA principal alternativa para a ativi- dade jornalística que encara a deca- dência no meio impresso, a mídia digital enfrenta seus próprios e sérios problemas, simbolizados pela saída de cena de alguns de seus principais personagens. O mais simbólico foi o de Arianna Huffington, que deixou a liderança do seu Huffington Post , lançado em maio de 2005, com grande repercus- são e algum sucesso, e com ramifica- ções internacionais, inclusivenoBrasil. O seu veículo já não lhe perten- cia, pois foi comprado pelo AOL há cinco anos, mas ela semantinha como editora-chefe. Agora, vai liderar um startup digital dedicado ao bem-estar, e deixar de lado o jornalismo. Nick Denton, do site Gawker, um bem-sucedido blog focado em noticiário de celebridades, entrou em processo falimentar após ter sido con- denado a pagar indenizaçãomilioná- ria a um lutador de luta livre que o acionou por calúnia. A decisão desses dois líderes mos- tra que a alternativa digital ainda não encontrou seu caminho. Apublicidade online não consegue se provar eficaz nem se vender suficientemente para garantir boasmargens de lucro, e obs- táculos legais aumentamos riscos dos empreendimentos. ■ Arianna deixa de lado o jornalismo e o posto de editora-chefe do Huffington Post KUNI TABAHASHI/BLOOMBERG VIA GETTY IMAGES PETR TOMAN/ALAMY/LATINSTOCK Mídia digital passa por grandes transformações Ryan Lochte mentiu e ninguém checou Nadador e repórter fazem papelão carlos eduardo lins da silva é livre-docente, doutor e mestre em comunicação; foi diretor-adjunto da Folha e do Valor . MEDALHA DE LATA paracadaatleta queveioàOlimpíada do Rio, havia três jornalistas: 30 mil foram credenciados para cobri-los. Apesar de tanta gente e dinheiro, o resultadodotrabalhonãofoi auspicioso. Arede deTVNBC, que pagouUS$ 1,27 bilhão para ter o direito de exclusivi- dade na transmissão dos Jogos, teve audiência muito abaixo da esperada devido à concorrência de streaming e mídias sociais. Entre as perdas, ganhou destaque o mico profissional pago pelo âncora Matt Lauer, um dos astros da emis- sora, que comprou pelo valor de face a história que lhe contou o nadador Ryan Lochte de que teria sido alvo de um assalto cinematográfico, quando de fato apenas participara de uma esbórnia alcoólica. Nem Lauer nem ninguém da pro- dução ou da reportagem da NBC se preocupouemchecar as afirmaçõesde Lochte, todas desmontadas com faci- lidade empoucas horas pela polícia e por jornalistas brasileiros. A cobertura de muitos veículos foi marcada por atuações comprometi- das pelo nacionalismo exacerbado, distante de isenção ou objetividade. Isso foi observado em especial nas emissoras de TV, inclusive as brasi- leiras, e em particular a Rede Globo. Jornais impressos de todo omundo também tiveram desempenho fraco, exagerando nas notícias sobre riscos de catástrofes de várias espécies que poderiam colocar em risco os Jogos, e que não ocorreram. Do lado positivo, a cobertura do canal brasileiro SportTV foi reconhe- cida como amelhor de todas as de TV pelo jornal New York Times . ParaMatt Lauer, 2016éumanopara ser esquecido. Além do vexame no Rio, sua atuação comomediador num debateentreTrumpeClintonnacampa- nha presidencial foi consensualmente considerado péssimo por público e crítica. ■

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