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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 25 LATINSTOCK/CORBIS na noite de 29 de outubro de 2004 – a poucos dias de os americanos irem às urnas para a eleição presidencial –, a emissora Al Jazeera, do Catar, colocou no ar trechos de um vídeo de Osama bin Laden 1 . Na gravação, Bin Laden se dirigia ao povo americano e condenava o envolvimento dos Esta- dos Unidos nas guerras no Iraque e no Afeganistão. Muita gente se pergun- tou se o vídeo fora divulgado naquele momento para influenciar o voto dos americanos. Os acontecimentos de 11 de setem- bro de 2001 já tinham garantido que a segurança nacional teria um papel central nas eleições de 2004. Embora os EstadosUnidos não tivessemregis- trado um novo ataque em solo ame- ricano desde o 11/9, os abusos na prisão de Abu Ghraib, revelados um ano antes, estavam vivos na mente do eleitor e o espectro de um ataque terrorista pela Al Qaeda pai- rava sobre as primárias e a campa- nha eleitoral de 2004. Pressão sobre a democracia Ataques terroristas exercempressão tanto sobre os meios de comunica- ção – que precisam não só noticiar rapidamente o episódio, mas buscar a verdade, dar o contexto e analisar os fatos – como sobre políticos, que precisam fazer novas leis e medidas de segurança. No mundo hiperco- nectado de hoje, os meios de comu- nicação buscam agir como filtros e narradores de cada ato de horror, responsabilizando os ocupantes do poder caso julguem que falharam. Já o governo vê como seu dever cons- truir novas agências e novas leis para proteger melhor o cidadão. O pro- blema é quando políticos e meios de comunicação usama vulnerabilidade do público para aparentar determi- nação ou promover uma agenda polí- tica – ou ainda fazer sensacionalismo em busca de mais audiência. Vista aérea do ataque terrorista ao World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001, que levou à morte quase 3.000 pessoas 1 Artigo adaptado de um relatório do autor para o Tow Center, parte de uma série sobre jornalismo e terrorismo produzida em parceria pelo Tow Center for Digital Journalism e a organização Democracy Fund Voice.
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