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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 33 ato terrorista está sendo planejado, ela tem a responsabilidade moral de agir”, disse na época o então primeiro- -ministro britânico David Cameron. “Não consigo imaginar nenhuma razão para eles não terem avisado as autoridades.” A resposta padrão do Facebook é que a empresa não discute contas individualmente, mas age para apa- gar conteúdo que possa apoiar o ter- rorismo. Como todas as plataformas, alega que não pode comprometer a privacidade de seus usuários. As três principais plataformas – Facebook, Twitter e YouTube – têm abordagens muito parecidas para a curadoria do conteúdo durante um evento terrorista. Todas têm códi- gos que deixam claro que não acei- tam conteúdo que promova o ter- rorismo, celebre a violência extre- mista ou incentive o discurso de ódio. “Estamos horrorizados pelas atroci- dades perpetradas por grupos extre- mistas”, afirma um termo de políti- cas do Twitter. “Condenamos o uso do Twitter para estimular o terro- rismo, e as Normas do Twitter dei- xam claro que esse tipo de conduta, ou qualquer ameaça violenta, não é permitido em nosso serviço.” OTwitter já fechoumais de 125mil contas desde 2015, sobretudo devido à suspeita de relação com o Estado Islâmico (EI). A plataforma reforçou a equipe de moderadores e o uso de tecnologias automatizadas, como bots de combate a spam, para aprimorar o monitoramento. Colabora com agên- cias de inteligência e iniciou umpro- grama proativo de parceria comorga- nizações como o Institute for Strate- gicDialogue, umaONGde diplomacia pública, para apoiar atividades con- traextremistas na internet. Essas plataformas estão em situa- ção diferente da de organizações jor- nalísticas. São plataformas abertas por onde circula um vasto volume de conteúdo que só pode ser filtrado após publicado – e ainda estão pro- jetando sistemas para editar usuá- rios em tempo real. Como “não há um ‘algoritmo mágico’ para identi- ficar o conteúdo terrorista na inter- net, plataformas digitais globais são obrigadas a tomar decisões difíceis com base em informações e orienta- çãomuito limitadas”, informa o Twit- ter em seu comunicado. “Apesar des- ses desafios, vamos continuar a apli- car agressivamente nossas normas nessa área, colaborar com autorida- des e outras organizações relevan- tes para encontrar soluções para essa questão crítica e promover narrativas fortes como contradiscurso.” Muitos acreditam que existe uma solução técnica, mas, na prática, o volume e a diversidade do mate- rial (40 horas de vídeo são jogadas a cada minuto no YouTube) tornam impossível criar um sistema automa- tizado perfeito para policiar instan- taneamente esse conteúdo. A inte- ligência artificial e a aprendizagem de máquina (ou machine learning ) podem reforçar um sistema de aler- tas à comunidade. Mas, ainda que um conteúdo específico chame atenção, é preciso fazer um juízo de valor sobre seu status e sobre medidas a tomar. É preciso retirar o material ou sim- plesmente incluir uma advertência? Isso coloca as plataformas emuma encruzilhada. OYouTube, por exem- plo, quer preservar sua condição de porto seguro para todo conteúdo que talvez não possa ser publicado em outra parte. Quando vídeos dos resul- tados do suposto ataque com armas químicas a rebeldes na Síria foram postados em abril de 2014 na plata- forma, muitos deles por combatentes, o YouTube teve de avaliar o impacto e a natureza forte das imagens e deci- dir sobre a autenticidade e o grau de propaganda envolvidos. Segundo a empresa, em geral, cada decisão des- sas é isolada, tomada caso a caso. E, uma vez que essas imagens forampos- tadas, muitas organizações jornalísti- cas tradicionais puderam usá-las em sua própria cobertura. Novas ferramentas O problema de conciliar proteção do público, considerações de segurança e responsabilidade social com priva- cidade e liberdade de expressão é exa- cerbado pela chegada de novas ferra- mentas, como o streaming de vídeo ao vivo via Facebook Live, Twitter Peris- cope, YouTube e até Snapchat e Ins- tagram. Esses serviços dão ao cidadão comum a oportunidade de transmitir ao vivo. Muita gente saúda esse poder como exemplo da democratização dos

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