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42 OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO 2016 de alta e baixa qualidade. A desvan- tagem, diz Losowsky, é que o Disqus controla toda a informaçãodopúblico, de modo que o meio nada sabe sobre os usuários de seu próprio site. A primeira ferramenta do Projeto Coral, batizada de Trust, vai garantir a organizações jornalísticas o acesso aos dados do usuário e, portanto, per- mitir que localizeme identifiquemos melhores comentadores. Losowsky está “bastante seguro” de que o Trust vai poder trabalhar com o Disqus, o Adobe Livefyre e demais sistemas. O Washington Post já está testando uma versão beta da ferramenta, que Losowsky me mostrou. A interface parece um banco de dados de toda pessoa que já fez um comentário no jornal. Manipulando os termos, é fácil e rápido criar listas com base emdeterminadosparâmetros: número de comentários emuma determinada editoria, porcentagemde comentários filtrados por moderadores, comen- tários de alta qualidade, e por aí vai. A ideia do Trust é “tanto destacar o bomquantopuniromau”,dizLosowsky. Se a pesquisa for restrita, por exemplo, a indivíduos que fizeram pelo menos 30 comentários no site do Washing- ton Post , nenhum deles excluído por moderadores e todos com mais de 20 palavras, a lista dos melhores comentadores rapidamente encolhe muito. Em seguida, é possível estabe- lecer parâmetros para que os comen- tários desses indivíduos sejam auto- maticamente exibidos, sem passar pela moderação. Já quem tende a ter seus comentários denunciados pode ir direto para uma pré-moderação. Editores podem estipular um limiar a partir do qual seria necessário intervir, o que pode incluir até o número de tweets. Aoutra ferramentadoProjetoCoral, chamadaAsk, éumquestionário adap- tável que permitiria a curadoria da discussão, não só a moderação. “Não vamos ter uma boa discussão sobre Donald Trump”, observa Losowsky. “Logo, emvez disso, vamos pedir que [o usuário] conte uma história, e publi- car então as melhores respostas. Isso torna a conversa “mais controlada”. Aorganização está prestes a desen- volver outro programa, chamadoTalk, que seriamais parecido comomodelo típico de uma seção de comentários e cuja produção ainda está em fase ini- cial. A esperança é que as ferramentas do Projeto Coral ajudem jornalistas a travar contato com fontes e formar redes comcomunidades interessadas. Contato com leitores Até pequenas mudanças podem influenciar a interação com o leitor e incentivar uma participação posi- tiva. Daí a intenção do Projeto Coral de tambémmostrar ao usuário como “o desenho da seção de comentários altera o tipo de interação que se tem”, diz Losowsky. Gestores de comuni- dades já conceberammeios de traba- lhar comas ferramentas limitadas que possuem para melhorar a interação. Falei por e-mail com Lilah Rapto- poulos, gerente de comunidade do Financial Times , sobre o que constitui- ria uma boa participação do público. Embora não seja oficialmente afiliada ao Projeto Coral, Raptopoulos parti- cipou de algumas das reuniões ini- ciais do projeto. Segundo ela, a participação tem mais valor quando o leitor pode ser um recurso para os repórteres. Ela dá um exemplo de como o jornal lidou comumepisódio recente de alta volta- gem: oBrexit (saídadoReinoUnidoda União Europeia). Demodo geral, diz: Nos meses que antecederam o refe- rendo, os comentários em matérias sobre o Brexit foram tomados por opi- niões de leitores defendendo ou justifi- cando o voto Remain (Permanecer) ou Leave (Sair). Eram, em geral, repeti- tivos e não muito esclarecedores, e às vezes pessoalmente ofensivos. Mas, assim que a votação foi encerrada, a campanha e a briga cessaram e o que surgiu foramreflexões profundas sobre o peso da decisão e opiniões sobre o que estava por vir (...). Tenho a impressão de que é o que está ocorrendo também com a eleição nos Estados Unidos. Raptopoulos cita algumas das estra- tégias que usou após o referendo: Na manhã seguinte ao referendo, aproveitamos um comentário de um leitor jovem do FT, Nicholas Barrett, sobre o que ele classificou no comentá- rio de “as três tragédias” do resultado. Foi exibido na seleção do editor (...) e incluído numa central de comentários que criei especialmente para selecionar e destacar os melhores comentários de usuários naquela semana (...). Por volta de meio-dia, vimos que outro leitor do FT tinha compartilhado logo cedo aquelemesmo comentário via Twitter, onde rapidamente ganhou vida própria, com95mil retweets e cerca de 4 milhões de impressões no total (...). Logo, a questão passou a ser: o que podíamos fazer comaquilo?Emcolabo- ração com a editoria de opinião, pedi- mos um texto a Barrett (...). Na primeira hora depois da publica- ção do texto de Barrett, já haviamais de 100 comentários, nenhumdeles escrito da perspectiva de ummillennial – aliás, muitos reclamavam que os eleitores mais jovens doReinoUnido não tinham ido votar. Fiz, então, umchamado para Texto publicado no site www.cjr.org em 23 de agosto de 2016.
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