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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 47 Portanto, com certeza é uma dificuldade para todas as redações recrutar essa diversidade – e trazer as mulhe- res para posições de comando em que elas tomarão as decisões editoriais que vão fazer a diferença nas notí- cias e em sua repercussão. O que está acontecendo nessas redações depois das demissões e o que se passa com a qualidade da produção jornalística? Conformemostrei no livro, não defino a qualidade. Deixo os jornalistas falarem a respeito nos termos deles. Acho que isso é muito mais importante. Porque, para mim, quando os jornalistas dizem: “Olha, na minha opinião a gente não está indo tão bem quanto antes”, acende o alerta vermelho. Se eles estão dizendo algo assim, deve ser verdade. Infelizmente, estamos emummomento emque os jor- nalistas estão em redações menos equipadas para produ- zir do que antes. Recentemente, umpublisher me disse o seguinte: “Bom, emuma redação, quantidade não é neces- sariamente igual a qualidade”. Respondi: “Olha, não vou discutir com você. Mas ouvi de muita gente uma histó- ria diferente”. E você não pode esperar a mesma pro- dutividade, com novas responsabilidades relacionadas à tecnologia, sem abrir mão de alguma coisa. E, infeliz- mente, milhares de jornalistas me dizem que as reda- ções estão abrindo mão da qualidade. Depois das demissões, existemmaneiras de a equipe e a direção fazeremuma transiçãomais eficaz para redaçõesmenores, voltadas para o digital, semos perigos da perda de qualidade e do ânimo abalado? Minhas sugestões do livro vieram de redações que estão funcionando bem e do que ouvi de outros jornalistas. Creio que um dos maiores erros cometidos é um jornal local continuar a fazer o que sempre fez sem levar em conta os seus recursos – o número de pessoas na reda- ção que pode produzir certo tipo de conteúdo. O erro é pensar: “Ok, vamos criar um blog porque nós deve- mos criar um blog e devemos nos conectar com nossos leitores”, em vez de pensar: “Por que devemos criar um blog?” Conversei commuitos jornalistas que afirmaram: “Eles chegam com uma ideia nova e me mandam colocá-la em prática. Eu faço o que me pedem, mas não tenho cer- teza de por que estamos fazendo aquilo”. E, de repente, todo mundo está correndo atrás de uma tecnologia nova, ou de uma ideia, em vez de propor uma estratégia que defina por que “vamos fazer isso desse jeito e esses são os custos do que estamos fazendo e as consequências para a qualidade”. Ao falar com pessoas bem-sucedidas – que trabalham duro, mas em redações com um ambiente alegre, que estão satisfeitas e pouco estressadas –, elas tinham pla- nos. Elas pararam por um momento e disseram: “Pre- cisamos alinhar bem nossa estratégia”. A equipe é o componente mais importante de qual- quer indústria. Se você simplesmente massacrar o seu pessoal, isso não vai terminar bem para ninguém. ■ deron lee é escritor e correspondente da CJR para Iowa, Missouri, Kansas e Nebraska. Colaborou para o National Journal Group, para o Hotline , um boletim sobre política publicado diariamente em Washington, e o para o jornal Lawrence Journal-World . Seu Twitter é @deron_lee Antes das 18h, quando os editores começam a fechar a primeira página do jornal, é comum ver salas vazias no New York Times Texto publicado no site www.cjr.org em 7 de setembro de 2016.
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