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48 OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO 2016 O jeito errado de tratar os freelancers A Vice acumula reclamações sobre o tratamento de colaboradores externos, que dizem não receber pagamento nem outras garantias de trabalho por yardena schwartz em uma era em que os freelancers já se acostumaram a ser tratados como peças descartáveis nomaquinário jor- nalístico, a Vice parece estar em um patamar exclusivo. Entrevistas comvários freelancers indicam que a organização jovem e inovadora, celebrada como o futuro do jornalismo, também inaugurou um novo (e baixo) nível para o tratamento desses profissionais. Esses jornalistas –marcados pelamesma independên- cia e empreendedorismo valoriza- dos pela Vice – são os mais vulnerá- veis à exploração, e a revista se apro- veitou disso. Jornalistas que já trabalharam para a Vice contaram para a CJR que a empresa publicou suasmatérias sem pagarpor elas, prometeucontratos que foram rescindidos mais tarde e pediu ajudaparadocumentários sobre temas de que já haviam tratado sem planos depagar por esse trabalho.Há também a reclamação-padrão dos freelancers: atrasonos pagamentos. Como freelan- cer, eu já passei por isso coma revista. A Vice sabe que seu jeito de tratar esses colaboradores virou um pro- blema. Fontes da empresa dizemque ela já começou a adotar medidas para melhorar sua relação comos freelan- cers. Nos últimosmeses, por exemplo, a empresa reestruturou seu depar- tamento de contas a pagar, adotou um novo sistema de faturas e contra- tou uma nova empresa para cuidar da folha de pagamento, para garantir o cumprimento dos prazos. A Vice tam- bém contratou novos gestores para o editorial para acertar as coisas com os colaboradores externos. “Nós estamos constantemente tomando decisões para melhorar a experiência para nossos freelancers e lamentamos que a jornalista que escreveu essa reportagem não tenha correspondido às altas expectativas que estabelecemos e buscamos man- ter”, afirmou o diretor de conteúdo da Vice , Ciel Hunter, emuma nota para a CJR . “Os freelancers são parte impor- tante de uma comunidade jornalística saudável, e a indústria como um todo precisa evoluir continuamente para se ajustar às necessidades deles.” Trabalho pela frente Depois do ataque terrorista de 2015 à redação do Charlie Hebdo , a jorna- lista freelancerMaya Vidon, de Paris, respondeu a ume-mail de uma colega de Columbia que estava tentando aju- dar um amigo. Esse amigo era um produtor da Vice que estava procu- rando comurgência umfixer emParis para umdocumentário sobre o extre- mismo islâmico na França. O produ- tor falou para Vidon que a equipe da Vice queria começar a filmar emduas ou três semanas, mas eles precisavam de ajuda na apuração e na preparação para a filmagem. Esse é o trabalho do fixer: atuar como um produtor local, localizar entrevistados, fazer os primeiros con- tatos e garantir que a equipe estran- geira não tenha problemas para se achar no lugar. Na semana seguinte, Vidon tro-
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