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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 57 esse vasto terreno da mente humana – nos agarramos a noções como razão, fato, apartidarismo –, mas nada está fora dos limites para o questiona- mento intelectual. Nos últimos anos, houve uma série de polêmicas em universidades de todo o país – incluindo a nossa –, todas mais ou menos ligadas a formas de expressão. Na pauta, o discurso de colegas estudantes, de administra- dores de residências estudantis, do corpo docente, de instituições por meio do nome de edifícios e da exibi- ção de imagens e de gente de fora em visita ao campus – vocês certamente ouviram e leram sobre isso. O debate foi, em parte, sobre a atitude a tomar em relação ao discurso considerado ofensivo ou perigoso. Às vezes, pediu- -se a proibição de enunciados e uma punição formal. Não quero entrar em discussões sobre nenhuma questão específica dessas. Gostaria, no entanto, de fri- sar dois grandes pontos. O primeiro tem a ver com propostas de impedir a livre expressão no campus, oficial- mente ou por meio de atos pessoais de agitação. As normas aqui sãomuito claras. Ainda que uma instituição pri- vada (a Columbia é uma universidade privada) não esteja sujeita à Primeira Emenda da Constituição americana – somente atos do Estado são cober- tos pela Primeira Emenda –, todas as universidades privadas, incluindo a Columbia, optaramvoluntariamente por viver segundo os princípios da Primeira Emenda. Contra proibições APrimeira Emenda tal como a conhe- cemos hoje, neste país, não é assim tão velha – aliás, quando vocês esti- veremno último ano aqui, a nação vai comemorar o centésimo aniversário da primeira decisãoda SupremaCorte interpretando a liberdade de expres- são. E, embora tenha havido oscila- ções no escopo da proteção à expres- são durante esse período, no último meio século chegamos, todos, a uma posição bastante clara, relativamente singular entre as nações: com rarís- simas exceções, todo discurso que seja sobre ou relevante para assun- tos públicos e a busca da verdade – em uma interpretação ampla – está totalmente protegido de censura, não importa o quão ofensivo ou perigoso possa parecer para vocês e para mim e para a maioria dos cidadãos dos Estados Unidos. Nesse caso, o que vale para o país vale também para a Columbia. Não proibimos nenhum discurso. Não censuramos discursos. Isso posto, não quero que vocês pensem, nem por um segundo, que esse é um principio, ou política, sim- ples, claro, evidente por si só. Muita gente hoje em dia fala como se fosse tudo absolutamente óbvio e nenhuma pessoa sensata pudesse pensar o con- trário. Passei boa parte daminha vida tentando entender por que essa pos- tura é, de fato, amaneira certa e racio- nal de estruturar uma sociedade ou uma universidade.Mas posso garantir que émuito complicado. No entanto, é a escolha – é nossa escolha –, e vocês precisam saber que nesta universi- dade ninguémdeve esperar que a ins- tituição intervenha para calar ideias ou opiniões que podem desagradar a muitos de nós, e profundamente. E não deixaremos que outros façam o que nós não podemos fazer. Ao mesmo tempo, não podemos Lee Bollinger saúda novos alunos de Columbia, em 2016 COLUMBIA UNIVERSITY/EILEEN BARROSO

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