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46 JANEIRO | JUNHO 2017 REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 47 a busca, a do google ou de qual- quer outra empresa, não é um pro- duto pronto, e nunca será. Todos os dias, 15% das buscas que vemos no Google são novas e a web é um orga- nismo que não para de evoluir. Evo- lui em tamanho: dezenas de milhares de páginas são criadas a cada segundo. Evolui também em seu caráter mais fundamental: a web é feita de conte- údo criado por grandes e pequenos publishers, jornalistas independen- tes, acadêmicos, blogueiros, criativos, tuiteiros e adeptos de outras mídias sociais. É um ecossistema tão diverso como qualquer outro. Nele, há atores de todos os tipos: bem-intencionados e mal-intencionados. Desde 1998, quando um pequeno grupo de engenheiros começou a desenvolver o Google com o objetivo de indexar a web naquele momento nascente, trabalhamos com a consci- ência plena de que sempre há melho- rias a serem feitas na busca para cum- prir nossa missão de organizar e tor- nar acessível e útil toda a informa- ção do mundo. Parece simples para alguém que faz uma dos trilhões de buscas que são feitas no Google todos os anos, que com um toque tem seus resultados em frações de segundos. Não é. Determinar o ranqueamento de cada página baseado no que enten- demos ser a relevância e credibili- dade de cada conteúdo é umprocesso tão fluido quanto qualquer manifes- tação na Avenida Paulista. Desde o início, o Google lida dia- riamente com indivíduos ou siste- mas que tentam ser mais inteligentes que o algoritmo, seja para aparecer no topo da página, seja para disseminar conteúdos enganosos, usando content farms , textos obscuros e outras prá- ticas deceptivas que miram, além do Google, os mais de 1 bilhão de usu- ários que procuram informações na plataforma todos os meses. Dentre as práticas deceptivas mais recentes, o fenômeno das notícias fal- sas casado à facilidade de sua disse- minação na era da internet é o mais nocivo. Ainda que o real impacto das notícias falsas nas eleições de 2016 nos Estados Unidos será debatido e estudado por muitos anos, conte- údo falso favorável a Donald Trump foi compartilhado com frequência quatro vezes mais do que conteúdo favorável a Hillary Clinton. E, apesar  de todas as previsões ao contrário, Trump ganhou. Conteúdo pertinente Para o Google, o mais importante é garantir que o conteúdo com o qual qualquer indivíduo se depara quando busca uma informação seja o resultado mais relevante, da fonte mais confiá- vel. Somos os primeiros a reconhecer que não acertamos 100%das vezes: as informações que existem na web são produzidas por pessoas com opini- ões diversas, que vivem em contex- tos diferentes, e com objetivos nem sempre isentos. Para alguns, mudança climática é uma certeza maior a cada estação. Para outros, é uma farsa.  Neste início de ano, percebemos que 0,25% dos resultados entregues nas buscas do Google era conteúdo ofen- sivo ou enganoso. E corremos atrás para corrigir o problema. Em abril, anunciamos melhorias no ranqueamento, apri- morando métodos de avaliação, com atualizações algorítmicas para divul- gar conteúdomais autoritativo. Atua- Uma questão de confiança por flavia sekles Como o Google atua em seu sistema de busca, que é baseado em relevância e credibilidade, para evitar a disseminação de notícias falsas lizamos as diretrizes de qualidade da busca usada por avaliadores de resul- tados, para que eles devidamente sina- lizem informações enganosas, resul- tados ofensivos, fraudes e teorias de conspiração, o que ajudará os algorit- mos a rebaixar conteúdode baixa qua- lidade ao longodo tempo. O“autocom- plete” – a ferramenta através da qual o Google tenta “adivinhar” o que o usu- ário quer escrever – é gerado por um algoritmo e representa aquilo que as pessoas buscam commaior frequên-  cia. Ou seja, não é uma forma de o Google sugerir, comomuitos pensam, se aquele ou o outro político é cor- rupto, ou se o Holocausto aconteceu ou não. Mas sabemos que não é legal quando um aluno que está pesqui- sando peloHolocausto pela primeira vez se depare com a sugestão de que ele não existiu. Para melhorar essas sugestões, também estamos criando novas formas para os usuários nos alertaremsobre esse tipode problema. A busca constante por soluções de problemas de todos os tipos é o que move o Google, e o que faz a empresa ser reconhecidamente uma das mais inovadoras do mundo. Não preten- demos ser um oráculo, mas um Goo- gle no qual as pessoas não confiassem não seria viável. É por isso que oGoogle tanto preza seu relacionamento com publishers. Dentre todas as populações de cria- dores de conteúdo na qual investi- mos – youtubers, empreendedores, acadêmicos e estudiosos –, os publi- shers estão entre os mais importan- tes. Notícias – do tipo com credibili- dade – são cruciais para nossa mis- são, especialmente a parte que diz res- peito a tornar informações acessíveis e úteispara todos. Oconteúdomais rele- vante sempre foi aquele que retrata o mundo à medida que ele evolui. São as informações sobre acontecimen- tos que impactam nossa vida, sobre tomadas de decisões quemudamnos- sos rumos, informações sobre como será o dia de amanhã. E, desde sem- pre, o Google trabalha para se estabe- lecer como um parceiro e colabora- dor desse ecossistema “produtor” de conteúdos que oferece a todos a capa- cidade de serem melhores cidadãos. Na última década vimos sucessivos desafios para a criação e distribuição de jornalismo de qualidade. Modelos de negócio mudaram com a prolife- ração da internet e com a fragmen- tação do consumo da notícia. A con- fiança da população nas instituições emgeral, inclusive na imprensa, tanto no Brasil como no resto do mundo, está decrescendo. Enquanto isso, a polarização de opiniões cresce, e a maioria das pessoas prefere falar com aqueles que pensam como elas e ler notícias que confirmam sua visão do mundo. Moramos num mundo onde existe um presidente dos Estados Unidos que se refere às principais e mais veneráveis instituições demídia de seu país como “ fake news media ”.  Trabalhar para fortalecer a confiança de quem busca informações – seja ao comprar um jornal na banca, seja ao pesquisar na web – tem que ser um objetivo comum. Parceria com a imprensa OGoogle não é uma empresa demídia, mas sim uma plataforma de buscas. O que devemos aos nossos usuários é ajudá-los a encontrar resultados da maior credibilidade possível e as ferra- mentas necessárias para chegar a con-

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