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52 JANEIRO | JUNHO 2017 REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 53 Mentiras deixam rastros Guia recém-lançado para detectar inverdades é repleto de exercícios que conduzem o leitor na tarefa de perseguir uma história pelas redes por nausicaa renner se há uma coisa – e uma só – que se pode afirmar com certeza sobre notí- cias falsas é que o fenômeno serviu de inspiração para trabalhos espetacula- res, deumgêneroquenunca antes teve destaque na esfera pública. O melhor exemplo é a cobertura deCraig Silver- man no BuzzFeed, que trouxe certo rigor à especulação em torno da dis- seminação da desinformação após a última eleição para presidente nos Estados Unidos. Para o jornalista sem formação em informática, muitas de suas ferramen- tas podem parecer um enigma. Qual meio o jornalista pode usar para des- cobrir como uma notícia falsa come- çou a circular em redes sociais? Ou até como avaliar seu grau de pene- tração entre simpatizantes? Para a sorte do resto de nós, a rede Public Data Lab (cujo objetivo é faci- litar a investigação, o envolvimento democrático e o debate público) e a iniciativa First Draft News lançaram, em7 de abril, durante o Festival Inter- nacional de Jornalismo em Perugia, na Itália, um guia para a identifica- ção de notícias falsas, o Field Guide to Fake News (que não deve ser confun- dido com as dicas do Facebook para o usuário detectar as tais fake news ) – uma versão preliminar do guia está disponível para download emhttps:// fakenews.publicdatalab.org/down- load/SAMPLE-field-guide-to-fake- -news.pdf. Dirigida por Claire War- dle (que foi diretora de pesquisa do Tow Center), a First Draft News é, hoje, o principal recurso para quem quer saber como descobrir a fonte e checar a veracidade domaterial difun- dido em redes sociais. Embora não seja expressamente voltado a professores, o guia é repleto de exercícios para conduzir o leigo na tarefa de rastrear os passos de uma história pelas redes. Os exercícios são chamados de “receitas”. Os “ingre- dientes” são links para notícias fal- sas que o usuário deseja rastrear. Há receitas de vários “sabores”, depen- dendo do traquejo tecnológico do lei- tor. Já as sugestões de “apresentação” ensinam como cada receita pode ser usada para promover uma melhor compreensão do fenômeno. Sequência de ações Muito bem-feitos, os gráficos do guia dão a sequência de etapas para verifi- cação da notícia, orientando o leitor passo a passo. Peguemos a primeira receita, por exemplo. O guia sugere o uso de uma lista de fake news dada pelo BuzzFeed, embora também seja possível usar outros links. O leitor é orientadoa jogar aURLemuma exten- são grátis de navegador daCrowdTan- gle, que mostra que grupos e páginas do Facebook mais compartilharam o endereço em questão. Esse recurso produz uma lista dige- rível de grupos do Facebook, que podem ser visualizados como uma rede (oguia sugere a ferramentaRAW- Graphs), mostrando quantos segui- dores cada página tem e o número de itens que cada um compartilha. A terceira receita mostra como o jornalista pode determinar a eficácia de medidas tomadas para desmasca- rar notícias falsas. Qual foi a penetra- ção de links que desmentiama notícia falsa em comparação com a da notí- cia falsa propriamente dita? A circulação dessas histórias é um aspecto importante, porque a notícia falsa não tem muito impacto se não viralizar. Como afirma o guia, “infor- mações falsas e enganosas não nas- cem como fake news . Para virar uma notícia falsa, precisammobilizar um grande número de atores – incluindo testemunhas, aliados, curtidas e compartilhamentos, bem como opo- nentespara contestá-las, denunciá-las e desmenti-las”. Conteúdo fragmentado Infelizmente, dopontodevistadousuá- rio, adistribuiçãodeconteúdoemredes sociais é tão fragmentada que pode ser difícil montar um retrato coeso. O lei- tor que faz esses exercícios com paci- ência vai não só descobrir histórias e entendermelhor comoanotícia circula nos dias de hoje, mas tambémadquirir uminstrumental crucial para compre- ender como se dá o consumo demídia na nova era. Alémdisso, vai ganhar um conjuntogratuitode ferramentas, como extensões denavegador e recursos grá- ficos (nos próximosmeses aFirstDraft pretende lançar mais receitas – sobre memes, bots, trolls, propaganda e veri- ficação de fatos). “Embora haja certa sensação de fadiga em torno da questão, [o pro- blema] não vai desaparecer”, disse uma autora do guia, LilianaBounegru, por e-mail. A ideia domanual é servir de “inspiração (...) para um questio- namento coletivo” sobre como notí- cias falsas se espalham. ■ nausicaa renner é editora da seção dedicada ao Tow Center for Digital Journalism na Columbia Journalism Review . Seu Twitter é @nausjcaa. ARQUIVO CJR ARQUIVO CJR Texto publicado no site www.cjr.org em 7 de abril de 2017. QUE PÁGINAS E GRUPOS DO FACEBOOK COMPARTILHAM NOTÍCIAS FALSAS? INÍCIO LISTA DE 22 URLS DE NOTÍCIAS FALSAS DE POLÍTICA FONTE: BUZZFEED NEWS B JOGUE URLS NO CROWDTANGLE DADOS RESULTANTES > URLs da notícia falsa > Páginas e grupos do Facebook que compartilham as URLs > Número de interações por página ou grupo > Data do compartilhamento da notícia IMPORTAR DADOS PARA O RAWGRAPHS VISUALIZAR
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