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58 JANEIRO | JUNHO 2017 REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 59 Revolução no Washington Post O diário virou a página na arena digital ao aliar muita tecnologia, rapidez nas postagens e qualidade de reportagem por kyle pope O Washington Post vive o clima de euforia de uma startup de tecnologia com dinheiro e de cobrança para aumentar tráfego e engajamento é um elogio atravessado ser chamada de a empresa mais inovadora do meio jornalístico? O Washington Post aceita a honra com todo o prazer. Desde que o cabeça da Amazon, Jeff Bezos, pagou 250 milhões de dólares pelo jornal – valor hoje considerado uma pechincha diante da força da marca no mundo edi- torial –, o Post se reinventou à velocidade digital. Seu trá- fego na internet dobrou desde que Bezos chegou, e o diá- rio ultrapassamuito o NewYork Times (e até o BuzzFeed) no número de textos que seus repórteres postam online todo dia. Tamanho foi o sucesso na arena digital que o Post hoje vende seu sistema de gestão de conteúdo para outros meios de comunicação, um negócio que poderia trazer 100 milhões de dólares por ano. É ummomento a ser curtido por uma empresa de famí- lia que teve seus dias de glória, mas passou boa parte da última década acuada. Quando Bezos comprou o jornal, em 2013, a redação tinha sido dizimada pelo site Poli- tico (que em breve vai fazer dez anos) e perdido o edi- tor. Fazia só quatro anos que o braço digital saíra de Arlington para se juntar à sede do Post, emWashington. Hoje, o lugar temar de startup de tecnologia abençoada  pelos deuses do capital de risco. Sobre a redação pairam monitores exibindo umfluxo contínuo de “web analytics”. Repórteres vão de lá para cá com notebooks. A virada do Post , em um período de modo geral horrí- vel para os jornais, fez do editor, Martin Baron, uma cele- bridade do jornalismo (Prêmio Pulitzer, destaque total na cobertura das eleições de 2016 nos Estados Unidos, encarnado pelo ator Liev Schreiber em um filme ganha- dor do Oscar). Mas quem também foi alçada ao estrelato foi a equipe digital do jornal, que ganhou fama por mérito próprio no circuito de congressos de mídia digital. Se um diário como o Post pode acertar a mão no digital, talvez haja esperança para todos os demais. Sem dúvida haveria – se esses outros também fos- sem de propriedade de um bilionário que considera o mercado atual de mídia análogo à internet por volta de 1999: basicamente, uma briga por território aberta a quem puder gastar mais dinheiro e agir mais rápido  CRÉDITO FOTO ARQUIVO CJR/GREG KAHN

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