REVISTA_de_JO_ESPM 20

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 9 Números fortes e admitiu que entre as alternativas em consideração para superar a situação está a venda do imóvel que abriga o museu. O drama do Newseum reflete o da instituição que ele homenageia. As más notícias não paramde se acumular, e alguns dos mais tradicionais títulos da imprensa se esfor- çam em busca de soluções, sem grande sucesso. O NewYork Times , íconemáximo do jornalismo, resol- veu eliminar funções clássicas, como as de “copy desk” e editor de fotos, lançou um novo plano de demissões voluntárias e jogou no mercado produtos novos, alguns de mérito ético questionável. Por exemplo, uma volta ao mundo de 26 dias para 50 pessoas ao preço individual de US$ 135 mil, num avião fretado e na companhia de algumas de suas estrelas. A ideia lembra uma das últimas da família Grahampara tentar manter o controle do Washington Post há poucos anos: a venda de ingressos para jantares na sua mansão em Georgetown, na companhia de editores, colunistas e repórteres do diário. Apossibilidade de essas iniciativas serem interpretadas como venda de acesso privilegiado a formadores de opi- nião é irresistível. O Post não chegou a colocar emprática o projeto, talvez o Times também não o faça. Outra fórmula, menos suspeita, mas economicamente complicada, é transformar o negócio emorganização sem fins lucrativos (veja texto acima) , como prometeu o britâ- nico The Guardian e, em certa medida, o Times . Enquanto isso, quempode se livrar do problema o vende na bacia das almas. Foi o que acabou de fazer o tradiciona- líssimo DailyNews , tabloide sensacionalista deNova York. Seu legendário dono, Mort Zuckerman, o cedeu pelo valor de US$ 1 à Tronc, Inc., que já é a dona do Los Ange- les Times e do Chicago Tribune , dois jornais familiares respeitadíssimos, que foram vendidos para quem acha que sabe como tirar qualquer empresa do vermelho. ■ ALGUNSVEÍCULOS jornalísticos impor- tantesestãotentandoumasaídaradical para sua incapacidade de gerar lucros: simplesmente desistir deles. O britânico The Guardian acaba de estruturar-senosEstadosUnidos como entidade sem fins lucrativos para bus- car fundos emorganizações filantrópi- case fundaçõese financiar reportagens sobre temas como mudança climática e direitos humanos. Quem seguiu a mesma linha foi a revista The Atlantic , comprada pelo Emerson Collective, organização não governamental presidida por Lau- rene Powell Jobs, viúva de Steve Jobs, da Apple. Fundada em 1857, The Atlantic tem tido sucesso na sua versão digital, mas não o suficiente para seu proprietário, David Bradley, tirá-la do vermelho. O NewYork Times tambémcriouuma divisão para captar recursos e desen- volver atividades beneméritas. ■ Se não consegue ter lucro, melhor não ter tal fim POR 62 ANOS, O VILLAGE VOICE foi um símbolo da cultura alternativa de NovaYork.Neleescreveram, entremui- tos outros, NormanMailer, EzraPound, James Baldwin. Distribuído de graça desde 1996, pagava-se com anúncios. Mas parece que a própria vida alter- nativa americana está em baixa, ao menos para sustentar seus veículos jornalísticos. Como o Voice agora, antes já deixa- ramde circular o Boston Phoenix , o San Francisco Bay Guardian , o City Paper da Filadélfia e de Baltimore. Por enquanto, o Voice vai tentar so- breviver digitalmente. Seu principal concorrente no passado, o New York Press fechouem2011, enãosobreviveu em nenhum formato. O dono do Voice , Peter Barbey, que comprou o título em 2015, diz que isso não vai acontecer com ele: “Ainda há mercado para um jornal que trate da cidade seriamente”. ■ Semanários de cultura e vida noturna se acabam ALTERNATIVA ONG FIM DOS ALTERNATIVOS 67% dos americanos dizem se informar ao menos em parte pelas mídias sociais 55% dos americanos com mais de 50 anos fazem parte desse grupo; é a primeira vez que mais da metade dos mais idosos entram na categoria 74% dos americanos dizem obter pelo menos parte das notícias pelo Twitter 68% dos americanos dizem obter pelo menos parte de suas notícias por meio do Facebook 85% dos americanos dizem obter suas notícias por meio de um aparelho móvel (telefone ou tablet); em 2013, eles eram 54% 67% dos americanos com mais de 65 anos dizem obter pelo menos parte de suas notícias por aparelho móvel (em 2013, este grupo era de 22%) 60% dos brasileiros dizem confiar nas notícias veiculadas pela imprensa, número inferior apenas ao da Finlândia (62%) Fontes: Pew Research Center e Reuters Institute for the Study of Journalism

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx