REVISTA_de_JO_ESPM 20
14 JULHO | DEZEMBRO 2017 IDEIAS + CRÍTICAS ESTHER ENKIN Em defesa da audiência Para a presidente da Organização Mundial dos Ombudsmans, embora as redes sociais tenham mudado a relação do público com a imprensa, há espaço para a análise profissional tenho uma relação de amor e ódio com o Twitter – mas quem não tem? Num dia qualquer, eu posso saber dos detalhes das últimas notícias, encon- trar pesquisas interessantes sobre jor- nalismo, ser ofendida e tapeada. No mundo virtual. Sou ombudsman das áreasdenotícias e informaçãodaCana- dianBroadcastingCorporation (CBC). Meu trabalhoé interagir comopúblico, defender seus interesses e garantir que a CBCmantenha o alto padrão de jor- nalismo. Quando as pessoas não estão felizes, elas vão para o Twitter e exi- gem uma solução instantânea. Minha resposta-padrão é: “Terei prazer em ajudar”. Contudo, não dá pra fazer um raciocínioelaboradoem140caracteres. Nós,quetrabalhamoscomoombuds- mans, ou editores públicos, passamos muito tempo refletindo sobre nosso trabalho na era das redes sociais, das respostas instantâneas e do discurso cada vez mais polarizado. Sou presi- dente daOrganizationofNewsOmbu- dsmen and Standards Editors (ONO) e posso dizer que com certeza nunca foi tão necessário ter capacidade de resposta, responsabilidade e transpa- rência, de acordo comos profissionais da área. Vale ressaltar que as redes sociais mudaram completamente o jeito como as pessoas se relacionam com os veículos jornalísticos. Nosso público desempenha umpapel impor- tantíssimo em nosso trabalho diário, mas paramanter umpadrão de quali- dade, aponderação cuidadosa, distante do bate-boca das redes sociais, ainda é essencial em todas as redações. Nesse mundo cada vez mais competitivo e rápido em que vivemos, a função do ombudsman é mais relevante do que nunca para garantir um jornalismo responsável, que tenha credibilidade. É irônico que nos Estados Unidos, onde a confiança do público nosmeios decomunicaçãonuncaesteve tãobaixa, mesmo antes da eleição de um presi- dente que vive empé de guerra coma imprensa, os ombudsmans e seus cole- gas sejam uma espécie ameaçada. De acordo comuma pesquisa do Instituto Gallup de 2016, apenas 32%dos ame- ricanos confiam“muito” ou “razoavel- mente” nos veículos de notícias. É a marca mais baixa desde que o Gallup começou a fazer essa pesquisa, em 1972. O Pew Research também che- gou a resultados parecidos – somente 28%dos entrevistados acreditamque a imprensa “trata todos os lados igual- mente” quando está cobrindo ques- tões políticas ou sociais. Você pode pensar que, emumcená- rio desses, os veículos de comunica- ção estariam fazendo tudo que pudes- sempara reconquistar a confiança do público, gerar debates e serem consi-
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