REVISTA_de_JO_ESPM 20
20 JULHO | DEZEMBRO 2017 os CADERNOS DE JORNALISMO e Comu- nicação , uma inovação introduzida em maio de 1965 no Jornal do Brasil por Alberto Dines, significaram uma busca de aprimoramento técnico dos jornalistas. A publicação foi lan- çada quando ainda estava em curso a reforma do Jornal do Brasil , que teve início no final dos anos 1950 e se esten- deu ao longo dos anos 1960, influen- ciou outros jornais e deixou marcas no jornalismo brasileiro. Devemos lembrar que o Jornal do Brasil foi criado em 1891 e que em 1930, como solução para problemas financeiros, tornou-se um “boletim de anúncios”, deixando de lado os temas políticos e a cobertura das artes e literatura. O jornal perdeu então o caráter noticioso e voltou-se quase exclusivamente para os classifica- dos. Por manter a primeira página inteiramente ocupada por anúncios, recebeu nessa época o apelido pejo- rativo de “jornal das cozinheiras”. Mas não se omitiu totalmente diante dos principais acontecimentos políti- cos e adotou uma linha conciliatória durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945). Nos anos 1950, a partir do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), o país passou por profundas mudanças no plano econômico e social, entrando numa fase intensiva de industriali- zação, e assistindo a manifestações artísticas de vanguarda, com o surgi- mento ou amadurecimento de movi- mentos literários, artísticos e musi- cais que se definiam por uma refle- xão crítica sobre a produção até então existente. A imprensa emumcontexto democrático e de grande criatividade cultural foi marcada por transforma- ções significativas, com a introdução de novas técnicas de apresentação gráfica, inovações na cobertura jor- nalística e renovação de linguagem. De acordo comMarieta deMoraes Ferreira no texto “A Reforma do Jor- nal do Brasil ”, publicado no livro A Imprensa em Transição. O Jorna- lismo Brasileiro nos anos 50 (Editora Fundação Getulio Vargas, 1996), as Repórter também é leitor Na esteira da reforma do JB , nos anos 1960, os Cadernos de Jornalismo incentivaram a discussão sobre teoria e prática da imprensa escrita mudanças no JB podem ser vistas da perspectiva dessas transforma- ções, que marcaram o governo JK. O início dos anos 1950, quando novos administradores assumiram a orien- tação do jornal – a condessa Pereira Carneiro e seu genro Manoel Nasci- mento Brito –, abriu caminho para as mudanças que seriam introduzidas. Em 3 de junho de 1956, foi lançado o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil , o SDJB, que, como explica Marieta Ferreira no texto citado, ser- viu de ponto de partida para a reforma do jornal. Ainda segundo Marieta, o SDJB foi o resultado da confluência de algumas iniciativas: a primeira foi a compra de um novo equipamento gráfico capaz de dar ao jornal condi- ções técnicas de expansão; a segunda foi a viagem da condessa Pereira Carneiro aos Estados Unidos para observar as inovações que a imprensa norte-americana tinha introduzido; a terceira foi a chegada de Reynaldo Jardim, responsável pela criação do Suplemento Dominical . Nesse suple- mento, Jardim começou misturando vários assuntos e tinha inicialmente como alvo o público feminino. Abriu espaço para novos autores, cineas- tas, artistas, poetas e cronistas, e deu ênfase a temas ligados ao teatro, ao cinema e às artes plásticas. O sucesso do Suplemento Domini- cal estimulou a direção do jornal a aprofundar a reforma. Foi convidado para coordenar essa nova etapa Odylo Costa Filho, em dezembro de 1956. O jornalista trouxe outros colegas que vinham de experiências inovadoras em jornais como o Diário Carioca , Tribuna da Imprensa e Última Hora . Essa fase levou à ampliação do noti- ciário, ao aumento do número de pági- nas do jornal e à introdução da foto- grafia na primeira página. A partir de 1959, sob a orientação de Amilcar de Castro, o jornal sofreu modificações gráficas. Surgiram o Caderno C, de classificados, e o Caderno B, dedicado às artes, teatro e cinema. A redação foi por alzira alves de abreu
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