REVISTA_de_JO_ESPM 20
22 JULHO | DEZEMBRO 2017 Cadernos , comuma pequena tiragem, para difundi-los internamente entre os jornalistas, os amigos e as agên- cias de publicidade, a fim de discu- tir a profissão. No texto de apresentação da pri- meira edição, Dines afirmava: “Este não é o jornal do jornal. É apenas um tímido ensaio de um jornal para jor- nalistas. Será isso possível? Será isso por demais pretensioso? Não conse- guimos manusear com tanta habili- dade a atenção e o interesse de cente- nas de milhares de leitores, não con- seguiremos manobrar com os mean- dros da curiosidade dos jornalistas? Jornalista não é leitor? Se não é lei- tor, como conhece os seus segredos?” (nº 1, maio de 1965, p. 1). E, mais adiante: “Como cumprir a função edu- cativa e de difusão cultural se ao pró- prio jornalista não forem fornecidas oportunidades para o seu aprimora- mento? Esta é a motivação número 1 desta publicação ainda que a meta seja grande demais para um grupo de jornalistas isolados alcançar” (p. 7). Ainda indicava que, embora o Jornal do Brasil tivesse facilitado recursos para a edição dos Cader- nos , estes eram considerados um órgão à parte da empresa, não eram parte da edição diária, nem estavam sob a intervenção do colegiado de editorialistas. Assuntos tratados Na primeira edição, encontram-se textos de autoria de repórteres do JB , como Heráclito Salles, e artigos de jornalistas norte-americanos, do New York Times , da revista Look . Os textos escolhidos estavam voltados para as técnicas de produção jorna- lística, para a comunicação na socie- dade industrial, o papel do intelec- tual na comunicação de massa, entre outros temas. De acordo com Dines, os Cadernos de Jornalismo deveriam ser uma adaptação do media criticism do jornalismo americano, uma forma de discutir o pensamento jornalístico brasileiro. Na apresentação dos Cadernos , Alberto Dines diz: “Este não é o jornal do jornal. É apenas um tímido ensaio de um jornal para jornalistas” Inicialmente, os Cadernos saíam na base de quatro a cinco por ano. A ideia era que a publicação deve- ria ser bimestral, mas as dificulda- des internas não o permitiram. No primeiro trimestre de 1968 foi feito um acordo com uma rede de livra- rias, a Entrelivros, para vender os Cadernos de Jornalismo , a fimde atin- gir um público mais amplo, além dos jornalistas, como educadores, publi- citários e sociólogos. Ainda em 1968, os Cadernos passaram a publicar o resumo de um livro que discutisse a comunicação e que poderia ser uti- lizado pelos estudantes de jorna- lismo. Ao serem vendidos em livra- rias, bancas de jornais ou por assina- tura, passaram a ter um espaço dedi- cado à publicidade, o que produzia lucro. Encontram-se entre os anun- ciantes a Cia. de Cigarros Souza Cruz, as Indústrias Klabin de Celulose, o Banco Nacional de Minas Gerais, a Fleischmann e Royal produtos ali- mentícios, entre outros. A partir da sexta edição houve um acréscimo no título, que passou a ser denominado Cadernos de Jor- nalismo e Comunicação , e a publica- ção ampliou os seus objetivos. Estava voltada agora para um público mais amplo, e os temas não se limitavam a discutir a imprensa, podiam abran- ger problemas contemporâneos de várias perspectivas e discutir as práti- cas profissionais do jornalismo. Arti- gos sobre educação e comunicação, escritos por especialistas brasileiros e estrangeiros, passaram a ser uma constante nos Cadernos . No número 10, de maio de 1968, além do artigo de Dines sobre educação e comuni- cação, encontram-se textos sobre o futuro do ensino, um deles escrito por John I. Goodlad, da Universi- dade da Califórnia. Encontram-se, ainda, artigos de sociólogos, como o francês Edgar Morin, que publicou “A Entrevista nas Ciências Sociais no Rádio e na Televisão” (nº 11, junho de 1968);
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