REVISTA_de_JO_ESPM 20
REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 29 leitor dos veículos empresariais foi a adoção de estruturas criativas para as matérias. Lembro o caso do jor- nal interno ( Panorama ) da General Motors. Para explicar a produção de um carro, fazíamos analogia com o corpo humano. Cada área da produ- ção era associada a uma parte da ana- tomia humana. Amesma estrutura foi adotada em matérias de outros jor- nais de empresa, como o da Cosipa ( O Chapa ), também sobre o pro- cesso de produção. Outra caracte- rística relativa aos jornais e revistas de empresa era a angulação dasmaté- rias. Que se concentrava na glorifica- ção das empresas. Era na verdade um jornalismo empresarial muito vol- tado para os dirigentes, e como obje- tivo de mostrar a cara dos presiden- tes de empresas, acentuar os padrões da empresa, “uma ilha de felicidade”. Mudamos essa abordagem. Toda a nossa experiência desen- volvida no jornalismo empresarial e, posteriormente, na comunicação organizacional, pode ser entendida como uma extensão do esforço da Proal para profissionalizar o mer- cado. Para tanto, contávamos com o acervo dos Cadernos Proal (relato mais adiante). Teoria e prática cami- nharam emparalelo, eis a caracterís- tica que orientaramos nossos passos. Nossa atuação permitiu-nos reali- zar o duplo exercício de editores e de repórteres de publicações empresa- riais. Os profissionais que pensavam os melhores caminhos para a estru- turação de uma matéria, que ideali- zavam as publicações, eram os mes- mos que produziam os textos. Foi uma rica experiência. Feras na equipe Figuras da Proal: Silvestre Pedro da Silva, ex- Folha ; Luiz Novaes, tam- bém ex- Folha . Na grande imprensa, foram ambos bem-sucedidos. Silves- tre dedicou-se à fotografia de flores e frutas, tornando-se um dos maiores especialistas brasileiros nessa área. Tem diversos livros publicados. Luiz Novaes, depois de grande tempo na Folha, está aposentado. Hoje, produz sua cachacinha artesanal. O time de bons e experientes jor- nalistas se completava com Antô- nio Caraballo, Ana Maria Cicaccio, Estela Lemke, Luiza Helena Vilas Boas Russo (que deixou o jornalismo para exercer amedicina), OlgaMaria, Dora Dimand, Danilo Pereira, Danilo Agrimani eMarinoMaradei, que tam- bém trabalhava no Jornal da Tarde . Na parte da produção gráfica e dia- gramação, o talento de Cesar Cama- rinha e do produtor gráfico Serginho, que contavam com o apoio de Valde- mar na finalização da arte e Severino dos Ramos Araújo no paste-up e arte final. O braço direito de Chaparro na frente administrativa era Rubens Ferrari, enquanto a área comercial, administrativa e financeira ficava sob a responsabilidade do gaúcho e sócio Luiz Carrion. Com essa equipe, o jornalismo empresarial na Proal ganhava sis- tematização, organização, produção profissional. Experiências que até então se davamna área do jornalismo especializado eram dispersas e ama- dorísticas. Nosso desafiante projeto era o de produzir jornais de empresa à moda dos grandes veículos. OCepeje, uma espécie de foro para debater e pensar o jornalismo, nos ajudava a avaliar tendências, apontar alternativas para o mercado de tra- balho. Necessitávamos de um canal, um instrumento que pudesse cana- lizar as discussões e servir de ponte entre a Proal, o mundo acadêmico, a categoria jornalística e o mercado de trabalho. Fazíamos, assim, de nossa pequena empresa uma extensão da universi- dade. Convidávamos professores e pesquisadores para discutir densas pautas sobre jornalismo e comunica- ção. Passamos a ser considerados um passo avançado no mercado. AProal passou a contar coma cola- boração de um dos mais sérios estu- diosos do jornalismo, o Carlos Edu- ardo Lins da Silva, hoje consagrado mestre, redator principal dos Cader- nos Proal , que passou a veicular estu- dos e debates. Depois, Carlos Edu- ardo migrou para a Folha , a convite de Otavio Frias Filho, que o conhe- ceu por causa de uma boa entrevista concedida para uma de nossas edi- ções. Carlos foi, depois, secretário de redação e ombudsman do jornal, tendo sido o principal responsável pela elaboração do manual de reda- ção da Folha . O projeto na prática Periodicamente, aProal organizavaani- mados grupos de discussão. No nosso espaço, acolhíamos jornalistas de bom conceito, como Carlos Monforte, que assessorava o órgão do governo de São Paulo responsável por obras (cliente da Proal), o professor JoséMarques de Melo, a professora CremildaMedina, entre outros. Sob a proposta de deba- ter o jornalismo especializado, lan- çamos, em junho de 1971, o primeiro número dos Cadernos Proal . É oportuno reconhecer que tínha-
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