REVISTA_de_JO_ESPM 20

34 JULHO | DEZEMBRO 2017 anos 80. O Brasil vivia uma profunda crise econômica. O governo militar, sob o comando do general João Bap- tista Figueiredo, direcionava a polí- tica econômica desenhada pelo então ministro do planejamento, Delfim Netto. O Fundo Monetário Interna- cional (FMI) impunha duros ajustes. Desemprego e baixa renda provoca- vamaprofundamento das desigualda- des sociais e aumento demobilizações populares. Aditaduramilitar se enfra- quecia e nas ruas começavamosmovi- mentos por eleições diretas para pre- sidente. Em 1983, era decretada uma nova maxidesvalorização da moeda, desta vez em30%. E foi nesse ano que dois amigos, parceiros, formados em jornalismona faculdadeCásperLíbero 12 anos antes, já com suas trajetórias profissionais bem-sucedidas, se reen- contraram e decidiram investir numa publicação que discutisse os meios de comunicação. Nascia a revista Crítica da Informação . Carlos Eduardo Lins da Silva trazia em seu currículomestrado naMichi- gan State University e doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Luiz Costa Filho era o empreende- dor, abrira uma editora acreditando que, apesar ou por causa da crise eco- nômica, era omomento de criar bons e novos produtos. A sociedade estava discutindo tudo e queria saber mais sobre o que estava consumindo em todas as áreas e, em especial, o que vinha recebendo da mídia. Emisso- ras de TV, rádios, jornais, revistas e a publicidade nutriam e mostravam a Páginas de ousadia Nos anos 1980, a revista Crítica da Informação incentivou a participação da sociedade no esforço de modernizar as redações cara dessa nova sociedade. Montar uma redação enxuta que trabalharia com dezenas de colabo- radores foi o primeiro passo para a construção da nova publicação. Numa época emque o preço do papel usado pelas revistas era altíssimo e que era reajustado todos osmeses, a opção foi usar o papel couché apenas nas qua- tro capas. O miolo era de papel jor- nal. Com uma diagramação cuida- dosa, toda em PB, a revista iria prio- rizar conteúdo. Após seis meses de planejamento e produção, a primeira edição da revista Crítica da Informação saía em abril de 1983, e trazia na capa reportagem sobre os programas populares, em especial o Povo na TV , produzidos pela recém-inaugurada emissora do empresário e apresentador Silvio San- tos, a então chamada TV-S. Naquele ano, a revista Veja completava uma década e meia, e diretores que por ela passaram analisavam a trajetó- ria dela e de outras revistas semanais que naquele período surgiramno país. ForamentrevistadosMinoCarta, Tão Gomes Pinto, Augusto Nunes e Rai- mundo Pereira. Outra matéria discu- tia o cenário da indústria publicitária naqueleanoemque todas as atividades econômicas estavamenfrentandocrise e indefinições. Publicitários arrisca- vam saídas, faziam diferentes análi- ses e projeções do que estava por vir. A performance das emissoras de rádionoBrasilmereceupáginas numa reportagem que terminava apos- tando que o então sexagenário meio de comunicação ainda teria chances de crescer, apesar da televisão. Wal- ter Clark, naquela época já ex-todo- -poderoso diretor-geral da TVGlobo, davaumaentrevistaemquediziaespe- rar que a televisão brasileira encon- trasseuma fórmula de relacionamento menos tirana. Apostava que as novas tecnologias iriam tornar os consumi- dores do meio televisão mais exigen- tes. E previa que o videoteipe e a ele- trônica acabariam com o cinema e a por lúcia costa

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