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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 37 Globo, o gênero populista ficava com os jornais da TV-S. Sobrava pra TV Manchete... quase nada. Liberdade de expressão? A política de concessão de emissoras de rádio e TV no Brasil precisava ser revista. O Código Nacional de Teleco- municações completava dez anos de gestação. TV e rádio eram considera- dos os dois mais importantes forma- dores de opinião do país e, sendo bens públicos, não poderiam ser entregues aos desmandos de irresponsáveis. No final de 1983, a revista Crítica da Infor- mação promoveu, junto com USP e Intercom um seminário para debater esse tema, e perguntava: Quemmanda na TV e no rádio? O Conselho Nacional de Autorre- gulamentação Publicitária (Conar), criado em 1980, determinou a reti- rada do ar de uma campanha da Cal- vinKlein. Umrapaz aparecia na tela e dizia: “Minhamãe sempreme ensinou a lavar as orelhas, a ficar comas mãos limpas no jantar, a não pôr o cotovelo namesa. Só que não adianta! Eu quero mesmo ser um vagabundo. O vaga- bundo é aquele que não está aí com nada…, mas tá comtudo”. Na verdade, o Departamento Nacional de Teleco- municações (Dentel) não gostou do anúncioe encaminhou sua reclamação ao Conar. Daí o debate: isso teria sido uma autorregulamentação do setor, como defendia o então presidente do órgão, ou censura? Será que o Conar, umórgão então comapenas três anos de atuação, não teria coragem de ir contra o Dentel? O pedido do Den- tel seria uma ordem? A reportagem mostrava o comportamento doConar, órgão privado formado por represen- tantes de agências, anunciantes e veí- culos emseus primeiros anos de ação. A liberdade do prazer foi o título do editorial da edição que trouxe uma reportagem sobre as revistas eróti- cas no Brasil. “Toda vez que rebaixa- mos à condição de pornografia uma revista só porque ela não atende aos padrões (muitas vezes de classe) que julgamos artísticos para representar o sexo, deveríamos nos preocupar um pouco: será que não tem algum fas- cismo escondido nessa atitude?” A reportagemtrouxe entrevistas comos editores das revistas Status , Homem , Privé , Penthouse , Playboy . Apresen- tava aos leitores o fabuloso livro de Gay Talese, AMulher do Próximo , que conta ahistóriados hábitos e costumes damoderna sociedade americana, em especial de Hugh Hefner, criador da Playboy . Amatéria trazia ainda depoi- mentosdemulheresqueposavamnuas nas revistas brasileiras. Namesma edi- ção, o destaque para a produção cine- matográfica da Boca doLixo. Ali eram feitos cerca de 40% de toda a produ- ção cinematográfica nacional. A última edição da revista Crítica da Informação trouxe na capa um assunto quemexeu e repercutiumuito na época: o crescimento das rádios piratas. Entre 1983 e 1984, a cidade paulista de Sorocaba chegou a ter 42 emissoras de rádios clandestinas. Os transmissores eram na maioria cons- truídos por jovens que queriamse ver na programaçãodas rádios. Apirataria era a saída e entrou na moda. Achegadadas novas tecnologias nas redações, oscomputadores, tambémfoi pauta em reportagemdaquela edição. Haveria risco de demissões? Ea saúde do trabalhador emfrente a uma tela de computador? O que mudaria dali pra frente? Quem viveu viu a mudança... Nossos leitores participavam. A A publicação registrou o momento em que o país tentava deixar para trás anos de censura, desrespeito às instituições e repressão

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