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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 49 o relatório a seguir é fruto de um trabalho contínuo de pesquisa no âmbito do projeto Plataforms and Publishers, iniciativa do Tow Center for Digital Journalism, parte da Columbia Journalism School. Somos imensamente gratos a todos os entrevistados, cuja colaboração permitiu que ti- véssemos uma compreensão e uma visão muito maiores das transformações em curso no meio jornalístico do que imaginávamos que teríamos no início dos trabalhos. Gostaríamos de agradecer a SteveColl e SheilaCoronel, diretores da Columbia Journalism School, pelo apoio e orientação. Nosso agradecimento se estende a todos os pesquisadores e bolsistas do Tow Center que contribuí- ram de alguma forma para esse projeto – especialmente ClaireWardle,ElizabethHansen,PriyanjanaBengani,Shant Fabricatorian, Alex Gonçalves, Mike Lukasiak e Meritxell Roca – e à equipe central de pesquisadores, formada por Pete Brown, Nushin Rashidian e Codi Hauka, pelas ideias, pesquisa e paciência. Deixamos um especial agradecimento a Kathy Zhang, que cuidou da coordenação da logística, de atividades de apoio e de eventos, e a Nausicaa Renner pela meticulosa e paciente edição do relatório. SemKathy e Nausicaa este projeto simplesmente não existiria. O projeto é financiado pela Fundação John D. and Catherine T. MacArthur, com apoio adicional das seguin- tes instituições: John S. and James L. Knight Foundation, The Foundation to Promote Open Society e The Abrams Foundation, Inc . —Emily Bell e Taylor Owen, março de 2017 Sumário executivo O impacto de plataformas sociais e empresas de tecnolo- gia no jornalismo americano está sendo maior do que o da migração do impresso para o digital. Empresas como Facebook, Snapchat, Google e Twitter estão assumindo cada vez mais funções de meios de comunicação tradi- cionais, o que levanta sérias dúvidas sobre a sobrevivên- cia financeira do jornalismo no futuro. Hoje, plataformas já não exercem apenas o papel de canal de distribuição – mas determinam o que o público vê, quem é remunera- do por essa audiência e até que formato e gênero de jor- nalismo emplacam. Editores continuam a transferir a maior parte do jorna- lismo que produzem a plataformas de terceiros, mesmo sem a garantia de que o investimento vá dar retorno. Em certas organizações jornalísticas, a publicação deixou de ser a principal atividade – tendência que deve seguir fir- me à medida que mais meios abrem mão do papel tradi- cional de editor. Orelatórioaseguir,partedeumtrabalhocontínuodepes- quisa do Tow Center for Digital Journalism, da Columbia JournalismSchool, traça a convergência entre jornalismo e plataformas digitais. No intervalo de 20 anos, o modelo denegócios ededistribuiçãodo jornalismosofreu trêsmu- danças importantes: a migração do analógico para o digi- tal, o advento de mídias sociais e, hoje, a primazia do mo- bile. Nessa última virada, grandes empresas de tecnologia passaramadominar omercadoemtermos de audiência e publicidade e obrigarammeios de comunicação a repen- sar processos e estruturas. CONCLUSÕES • Plataformas digitais assumiram, em um curto espaço de tempo, o papel de editores, ou publishers, deixando or- ganizações jornalísticas perdidas quanto ao próprio futu- ro. Mantida a convergência no ritmo atual, a publicação – distribuir, hospedar emonetizar – deve deixar de ser uma atividade central demais emais veículos de imprensa. • A competição entre plataformas para lançar produtos para editores está ajudandomeios de comunicaçãoa atin- gir umpúblicomaior do que nunca. Mas é difícil avaliar as vantagens decadaplataforma – eo retornodo investimen- to é inadequado. Diluição da marca, acesso nulo a dados sobreopúblicoemigraçãoda receitapublicitária sãoques- tões que continuam tirando o sono de publishers. • Plataformas sociais influenciam o jornalismo em si. Ao incentivar a produção de formatos específicos de con- teúdo – como vídeo ao vivo – ou ao ditar padrões gráficos aos meios, as plataformas assumem um papel claramen- te editorial. • O fenômeno das notícias falsas – as fake news – duran- te a campanha eleitoral nos Estados Unidos em2016 obri- gou plataformas sociais a assumir uma responsabilidade maior por decisões de publicação. O grande problema, no entanto, é que a estrutura e amatemática das plataformas incentivamadisseminaçãodoconteúdodebaixaqualida- de. O jornalismo comvalor cívico – o jornalismo que vigia os detentores do poder ou que fala a estratos menos favo- recidos da sociedade – épreteridopor umsistemaquepre- za escala e shareability . • Plataformas usam algoritmos para organizar e distri-

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