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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 7 Na foto da esquerda, Neymar, no dia 4/8 durante sua apresentação no PSG. Na da direita, o plenário da Câmara durante a votação de 2/8 que garantiu o arquivamento da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer e não empolgou a audiência E nquanto, no dia 2 de agosto, a votação para decidir sobre a abertura de pro- cesso contra o presidente Michel Temer caminhava para seu desfecho na Câmara dos Deputados em Brasília, o assunto da vez nas redes sociais era uma transação comercial que acontecia bem longe dali, mas envolvia umcra- que brasileiro. Neymar roubou a cena (nos trend topics doGoogle Brasil e Estados Uni- dos, por exemplo, o jogador foi o segundo mais pesquisado na data) ao trocar de time na Europa, e essa notícia, anunciada durante os trâmites políticos no Distrito Federal, colocou o Brasil em noticiários pelo mundo, deixando em segundo plano o já desgas- tado cenário político nacional. Nem sempre foi assim. Em 2016, quando o que estava em jogo na Câmara era o futuro da então presidente Dilma Rousseff, a cobertura foi diferente. Em São Paulo, por exemplo, o espetáculo foi digno de final da Copa do Mundo, com direito a telão instalado no vale do Anhangabaú. O processo foi notícia no mundo todo e dividiu o Brasil a ponto de ser necessário construir um muro na Esplanada dos Ministérios para evitar confrontos entre os torcedores. No final, o PT, tetracampeão nas últimas eleições, foi derrotado fora dos campos de disputa popular. Desta vez, porém, o teatro da capital federal foi chocho, sem grandes manifesta- ções populares ou discursos elaborados para divertir a plateia. A população, sem interesse na reprise da novela política, preferiu as notícias de Neymar, que come- çou jogando no Santos, depois foi para o Barcelona e, então, anunciava a saída do time catalão para atuar no Paris Saint-Germain. O clube francês pagou ao Barcelona a estrondosa quantia de € 222 milhões, cerca de R$ 810 milhões, que entrou para a história como o maior valor pago por um jogador de futebol. Quem acompanhava somente as notícias do esporte deixou passar batido outra cifra aindamais exorbitante. Um levantamento da ONGContas Abertas mostrou que, para garantir a vitória na Câmara, nosso presidente bola murcha liberou a quantia de R$ 4,16 bilhões para emendas parlamentares. Só o torcedor número 1 de Temer, o deputado Wladimir Costa (SD-PA), que tatuou o sobrenome do dirigente do país no ombro, recebeu quase R$ 6,6 milhões, mostrando que nesse jogo político a popu- lação segue na arquibancada vendo o Brasil perder de 7 X 1. ROUBOU A CENA ( ANA HELENA RODRIGUES ) CHRISTIAN HARTMANN/REUTERS/LATINSTOCK GILMAR FELIX/ CÂMARA DOS DEPUTADOS X R$ 810 milhões R$ 4,16 bilhões

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