Revista de Jornalismo ESPM 21
Saibamais em: espm.br/jornalismo AESPMtem umcursode jornalismo paracada momento dasuacarreira presidente Dalton Pastore vice-presidentes Alexandre Gracioso e Elisabeth Dau Corrêa diretoria Flávia Flamínio (diretora de operações acadêmicas), Luiz Fernando Garcia (diretor de educação continuada) conselho editorial J. Roberto Whitaker Penteado (presidente), Eugênio Bucci (secretário), Carlos Eduardo Lins da Silva, Caio Túlio Costa, Janine Lucht, Judith Brito, Maria Elisabete Antonioli e Ricardo Gandour REDAÇÃO DA REVISTA DE JORNALISMO ESPM editor Carlos Eduardo Lins da Silva editora-associada Ana Paula Cardoso direção de arte Eliane Stephan editora-assistente Anna Gabriela Araujo assistente de arte Marciana Barros coordenadora editorial Lúcia Maria de Souza assistente editorial Ana Helena Rodrigues tradução Ada Félix e Mário Bucci revisão Bia Mendes A Revista de Jornalismo espm é uma publicação semestral da ESPM, com conteúdo exclusivo da Columbia Journalism Review endereço Rua Doutor Álvaro Alvim 123 - Vila Mariana - São Paulo - SP - CEP 04018-010 editorial 11 5085-4643 e-mail rj@espm.br informações 11 5085-4508 e-mail revista@espm.br assinaturas assinatura@espm.br | www.espm.br diretor da columbia journalism school Steve Coll chairman Stephen Adler diretor de redação e publisher da cjr Kyle Pope editora digital Nausicaa Renner editores seniores Christie Chisholm e Cory Schouten editor de mídia digital Justin Ray editor associado Brendan Fitzgerald chefe de redação digital Mathew Ingram redação Alexandria Neason, Pete Vernon, Jon Allsop, Meg Dalton e Karen K. Ho editores colaboradores Gabriel Snyder e Michelle Legro assistentes de redação Glynnis Eldridge e Stacey Yu A Columbia Journalism Review é uma publicação trimestral da Columbia University Graduate School of Journalism. A Revista de Jornalismo ESPM (ISSN 2238-2305) é uma publicação semestral Ano 7, Número 21, Janeiro - Junho de 2018 Imprensa livre, Democracia forte A Revista de Jornalismo ESPM é uma publicação pluralista e apartidária, que convida e acolhe autores das mais diversas inclinações ideológicas e acredita na virtude do diálogo como forma de gerar conhecimento. Os artigos assinados refletem única e exclusivamente a opinião de seus autores, não representando, portanto, os pontos de vista da equipe de redação, de seu conselho editorial ou da ESPM. REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 3 Para quemmilita na imprensa, é umfator de estímulo acre- ditar que seu negócio não se reduz a entreter a audiência – e é um alívio saber que Harvey Weinstein, agora exe- crado por acusações de assédio sexual, era um produtor (e umMidas) de Hollywood, não um diretor de redação, ou que Kevin Spacey, outro nome despedaçado pelas mes- mas denúncias, é um ator (arrebatador), não um repórter. Imprensa e cinema são universos diferentes. Ainda bem. Outrossim, embora exista o magistral editor a nos ensi- nar que o espelho das revistas evolui como sinfonia, alter- nando movimentos mais planos e outros mais cheios de altos e baixos, a separação entre música clássica e jorna- lismo continua valendo. Para quem trabalha nas redações, faz bem a convicção de que seu ofício não é ler partituras, mas apurar a realidade. Redações e salas de concerto são universos diferentes – e, com igual alívio, as danações que pesamsobre James Levine, apontado como abusador, caem sobre ummaestro (esplêndido), não um diretor editorial. Um dos males morais deste início de século – ser autor ou vítima de opressões sexuais de diversas modalidades – vem varrendo e devastando o mundo do showbiz, mas, eis o alívio, imprensa não é showbiz, certo? Errado. O alívio é ilusório. Vão. O destino comum que tragou a biografia desses três nomes célebres (até aqui) é também o destino que começa a fazer tremer os alicer- ces da reputação do jornalismo. Na indústria do entreteni- mento e suas tecnológicas derivações, imprensa, cinema, salas de concerto e escândalos sexuais, bem, com todo o respeito, é tudo meio a mesma coisa: é tudo (quase) o mesmomercado e (quase) omesmo capital. Todos comun- gam da mesma cultura, que é a cultura do consumo, do espetáculo, uma cultura que não poupa instituição alguma. A Igreja Católica, os esportes olímpi- cos, as forças armadas, ninguém está a salvo. De sorte que esse problema também é umproblema da imprensa. Não foi por diletantismo que a edi- ção americana da Columbia Journa- lismReview cumpriu seudever e regis- trou o golpe. De nossa parte, no Bra- sil, publicamos os artigos de Eleo- nora de Lucena e SylviaMoretzsohn, que contamhistórias pouco edifican- tes sobre assédio, e como essa chaga marcou a vida e a carreira de mulhe- res em redações nacionais. O inven- tário das infâmias que se passaram – tanto no exterior como aqui – ainda está longe de receber umponto final. Oque vai aparecendo, aos poucos, são fios narrativos que ainda ferem, cons- trangem e demandam uma energia emocional enorme para sair do silêncio e da escuridão. Qual a solução? Eis a pergunta enganadora. É hora de conhecer o que se passou, não de resolver e arranjar pedras para tapar os esgotos do passado. A busca preci- pitada por soluções costuma vir de braços dados com o ranço moralista. Existiria um caminho para um equacio- namento ético seguro de vivências tão sofridas, de trau- mas tão fundos entre desejo e opressão? Amatéria é difí- cil e seguirá difícil. Para pensar sobre o tema sem os apri- sionamentos previsíveis da cultura do “politicamente cor- reto”, o filósofo Luiz Felipe Pondé disse sim a uma enco- menda ingrata. Para ele, a era das fake news traz junto uma era de fake ethics, contra a qual é preciso se preca- ver. No mais, não há resposta pacificadora. Até aqui, sabemos que, na cultura das redações – nas brasileiras, notadamente –, houve abusos da ascendência hierárquica para promover verdadeiros estupros simbó- licos – ou mesmo estupros reais. Ficou nebulosa a fron- teira entre a chantagem e o galanteio, entre a intimidação e a sedução. Ficou escura, mais ainda, a fronteira entre a intenção e o inconsciente, do lado de quem oprimiu, é claro. E também do lado de quem cedeu. Machismo? Sem dúvida, mas não só. Não se pense que o exercício do poder para obrigar a outra parte a se cur- var tenha sido somente uma estratégia masculina contra mulheres. Há sinais de que aconteceu de tudo nesse pân- tano. Tudo mesmo, até coisas boas, como paixões liber- tadoras, amizades inabaláveis, amores sublimes e, inclu- sive, reportagensmarcantes. Mas algo dentro desse “tudo” que aconteceu pede para ser contado, pede para ser dis- cutido. Talvez seja hora de começar. ■ Assédio EDITORIAL embora existisse aquela publicação que, na editoria de política, narrava os fatos como se eles fossemumfilme de ação, e, na editoria de cultura, descrevia os filmes como se eles fossemfatos enfadonhos, a separação entre cinema e jornalismo continua sendo uma boa notícia.
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