Revista da ESPM - JUL-AGO_2007

da significação fundada na intro- jeção do tecnicismo. O existencia– lismo midiático que se nutre tanto da serialização da cultura quanto da midiatização irreversível do self é, nos termos do canadense, a base de uma falsa socialidade. Contentamo- nos c om nossos espectros vazios que se exibem no espelho invertido da tevê, conectamo-nos a este sistema nervoso eletrônico, gigante e exte– riorizado, o mesmo que nos diverte o olhar ante o empobrecimento do dia-a-dia na sociedade tecnológica e nos oferece, em troca, simulacros de estilos-de-vida. A colonização do olhar procede de uma ordem a um só tempo neural e tecnológica. As imagens compartilhadas pelo écran televisivo são, por seu turno, formas seriais de "modos de ser", espectros a serem alegremente consumidos. Na c h a m a da pós-modernidade, as imagens ganham um destaque ímpar, e isto se deve, na crítica inter– pretação de Fredric Jameson, ao fato de elas, hoje, mais do que adoradas, terem se convertido em um c ampo cultural profundamente autônomo e, em essência, arrebatador. Para o crítico literário e teórico marxista, no momento pós-moderno, a imagem toma parte da ilusão de uma nova naturalidade. A própria imagem se c o t i d i an i z a, tornando-se elemento constitutivo de nosso dia-a-dia. C om a estetiza- ção da r e a l i d a d e, ele c o n t i n u a, as fronteiras que c on f e r i r i am es– pecificidade ao estético tendem a desaparecer. Deste modo, a inten– sidade do visto, a interpelação das imagens convida-nos ao mergulho na visualidade mas, também, pode nos d i s t an c i ar o u, c omo postula Jameson, abstrair os receptores de seus contextos sociais imediatos. À dissolução de fronteiras localizada por Jameson na simbiose consumo/ entretenimento, corresponde, em Kroker, a enfática definição da tevê - aparato social total - c omo expressão paroxística da forma- Ime r c ado r i a. A reificação, nestes termos, é solapada pela linguagem da significação. Ma is do que excesso ou pura e simples obscenidade das imagens, des t aco destas reflexões críticas uma pista analítica que me parece sugestiva. Trata-se, em resumo, da inserção original das imagens na ma l ha c u l t u r al e nas interações soc i a is contemporâneas, através da qual efetiva-se o c o n s umo de imagens/sensações e de imagens/ estilos-de-vida. Autores c omo Kroker, Jameson e Vi- rilio não são propriamente otimistas em relação ao estatuto das imagens naquela que vem sendo chamada uma s o c i e d a de midiática. Para eles, a cultura da visualidade que produzimos e consumimos possui sérias implicações políticas, com- preendendo-se este político em uma acepção abrangente. A f i n a l, c omo p o n d e ra V i r i l i o, a produção em larga escala de re– presentações visuais tecnicamente mediadas responde a uma estratégia historicamente articulada de c o n– trole soc i a l, atualmente expressa»

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