Revista da ESPM - JUL-AGO_2007

limites simbólicos (da privacidade, por exemplo) ou por limites espa– ciais, repercutem no mo do c omo construímos nossa i d e n t i d a de e reconhecemos a diferença. O i m– perativo da visualização, se pode inegavelmente dar margem a encan– tadoras produções imagéticas, pode também incidir perniciosamente no modo c omo concretamente vivemos nossas vidas, percebemos o mundo e nele nos inserimos. A denúncia que a companha vários dos discursos sobre o pós-moderno, quando estes se referem às imagens, é c o n t u n d e n t e. S o c i e d a d es que atribuem às imagens o caráter de atestados de existência conv i dam, necessariamente, cada um de nós a nos t r a n s f o rmar em i ma g e ns espetacularmente visíveis. C o mo o p o r t u n ame n te r e s s a l t ado p e lo pesquisador brasileiro Norval Baitel- lo Junior, mais do que devoradores e colecionadores de imagens somos, hoje, por elas devorados, o grau máximo da iconofagia, tese longa- mente estudada pelo autor. O u t ro e l eme n to a c omp or esse cenário seria a progressiva o b l i– teração do espaço público por imagens públicas. Assim, cidadãos comuns, estrelas da mídia e políti– cos, cada vez mais midiáticos, todos se digladiariam nesta arena de visu– alidade, de modo a melhor estru– turar sua estratégia de visibilidade e nem sempre a aprimorar princípios humanistas e h uma n i z a d o r es de convivência. Tratar-se-ia, enfim, da transformação do social em fato de imagem. Aprofundando um pouco mais este c omp o n e n te um tanto perverso, indica-se que em cidades que passam a ser vividas c omo se fossem um grande cinema cotidiano, o "outro", facilmente, pode ser c o n– vertido em uma imagem que passa, também perdendo sua substância. Na abordagem de Zygmunt Bau- ma n n, sociólogo polonês cu j os livros rapidamente se tornaram um sucesso internacional, a liquefação dos vínculos po t en c i a l i z ada pelo adv en to da p r o x i m i d a de virtual - e, acrescentaríamos, pela p r o– fusão visual -, se não significa a supressão do contato, ocasiona o estabelecimento de contratos de r e l a c i o n ame n to e s s e n c i a l me n te fluídos. As conexões são muitas, mas também muitíssimo breves. O rol de interações é enorme, mas por vezes pode ser difícil perceber estes outros com os quais nos conectamos em sua materialidade fenomênica e em sua complexidade e densidade subjetiva. Edgar M o r i n, em uma belíssima análise sobre o encanto que cerca as imagens, postula que nada nos é mais sedutor do que a transformação do banal e do c ome z i nho em regis– tro imagético. Um dup lo sentido cerca a "impressão de realidade" desta forma obtida, seja na fotogra– fia, no cinema e, mais recentemente,»

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