Revista da ESPM - JUL-AGO_2007

professor está-se referindo à etapa mais avançada do entretenimento, que - inclusive - interessa direta– mente ao c ampo da propaganda e do marketing que usam o entreteni– mento c omo uma linguagem. Isso pode ter um aspecto muito positivo; pode, acredito, ser pensado - den– tro de uma escola de comunicação - c omo uma ferramenta de negócio. Mas também podemos pensar nisso criticamente, porque pode virar uma linguagem universal, que se impõe a todas as esferas das práticas sociais. Ou seja: o professor terá de ser um entretenedor, o político terá de ser um entretenedor, o padre terá de ser um entretenedor.. JR - Isso não está tão l onge de acontecer... VINÍCIUS - Concordo. Estou apenas qualificando isso c omo a terceira etapa do entretenimento, e não ne– cessariamente como espetáculo. Por isso parece-me que o entretenimento deva ser objeto de estudo hoje, neste seu terceiro momento: o dos seus excessos. O fato de eu não conseguir hoje dar aulas para os alunos, a não ser que eu seja uma espécie de ator, malabarista, entretenedor, parece-me um desvio de um modelo de pedagogia. JR - Sem dúvida, você tem razão. Mas permita-me trazer isso mais próximo da comunicação, da propa– ganda e do marketing. Há não muito tempo, nossas atividades eram mais ou menos "lineares": o consumidor assistia ao nosso comercial, elaborava a mensagem e ia ou não ia comprar o produto, naquele mu n do mais simples.. De repente - c omo fica evidente nessas suas várias exposições -, um mundo onde os estímulos se interpenetram de maneira múltipla, diversificada, deixa de ter essa certa clareza. O pobre do publicitário, do profissional de marketing - inclusive os que estão sendo preparados nesta Escola -, ao tentar desenvolver ativi– dades "estratégicas", fica diante de um dilema: o que fazer, nesse contexto, para tornar um produto ou serviço interessante? G R A C I O SO -Você está mostrando, justamente, a importância cada vez maior do impacto da mensagem. PONDÉ -Tododebate acaba sofrendo o que o próprio Pierre Bourdieu diz, sobre a televisão: ficamos travados na estrutura e não conseguimos apro– fundar as questões.. VINÍCIU S - Depende d o sin– toma; outros podem sentir-se acossados. POND É - Ce r ta feita, nu m almoço, c o n v e r s a n do c om m i nha mulher, m i nha filha, meu filho e a namorada dele - que têm 20 e poucos anos -, falávamos so– bre a parada gay e casamento entre homossexuais -, alguma coisa sobre liberdade de comportamento. Mi nha nora - que vem de uma pequena c i– dade do interior d i z i a: "Vocês falam desse problema c omo se metade, ou mais, da humanidade fosse ho– mossexual. Na minha cidade não conheci ninguém assim...". Isso me veio c omo exemplo do que é a re– lação entre a teoria e o mundo real. Às vezes, a gente produz todo um discurso e uma teoria sobre o mundo e cria-se uma tribo mais ou menos homogênea. Qu a n do se falou aqui que o fenômeno pós-moderno é um fenômeno acadêmico, eu concordo. O fenômeno pós-moderno não me parece uma coisa estranha ao meio que o p r o d u z i u. C om isso, não quero dizer que essas coisas não sejam importantes. Esse mundo da comunicação, a sociedade do es– petáculo, transparência absoluta e total - e aí eu bato na tecla de que»

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