Revista da ESPM - JUL-AGO_2007
produtos, do ponto de vista do que pode ser consumido para além do espetáculo... - Uma grande diferença é a velocidade c om que as coisas acontecem. Antigamente, dizíamos: "estamos em processo de mudança" e isso significava mudar do ponto A ao ponto B. Hoje, mudança é um estado permanente das coisas, com uma ve– locidade que é difícil acompanhar.. - Sendo sintético - e usan– do a idéia do professor Gracioso, das arenas -, vejo que o próprio c o n– ceito de arena precisará, em breve, ser repensado, porque uma arena de comunicação circunscreve um espaço específico. E a realidade que estamos experimentando mescla arenas; não se encontra uma arena pura. Por exemplo, não se trata mais de estudar linguagens publicitárias em meios digitais, porque esses meios digitais estão misturados com experiências. Então você está num supermercado e pode haver um dispositivo digital, em que você vê o preço, e haverá um bonequinho que fala com você, mas não se restringe ao objeto digital, à mídia digital. Chamo esse projeto de G.A.M.E.S 2.0, porque ele duplica cada uma dessas letras, traduzindo: Gêneros e Gramáticas dos Arranjos e Ambientes Midiáticos Mediadores de Experiências de Entretenimento de Sociabilidade e Sensorialidade. E, ao mesmo tempo, volto à idéia da cultura do 2.0, onde todo mundo participa. Teremos aqui uma arena híbrida que vai nos dar muito trabalho. - Vinícius, você viajou mu i to mais do que apenas do Rio para São Paulo.. - C omo palavra final, gos- taria de destacar que o universo acadêmico pós-moderno o l hou as transformações - p r i n c i p a lme n te tecnológicas - do mundo contem- porâneo, a partir de uma atitude crítica negativa, ao invés de uma ati– tude crítica investigativa. C om isso, de certa forma, "perdeu o bonde" para progredir em uma série de c o i– sas que seriam tarefas da academia. Lembro-me das discussões - quando surgem as primeiras coisas digitais, a internet - e c omo isso iria isolar as pessoas. Esquecem-se de que a leitura é uma das atividades mais individuais e isolantes que existem, e opera com uma única trilha cogni- tiva. Os meios digitais, ao contrário, operam c om várias trilhas cog- nitivas, mobilizam vários senti- dos e, em vez de isolar, ligaram as pessoas a um universo am- plo, que transcende fronteiras nacionais e expandindo novas capacidades cognitivas importantes. Sabe-se que cérebro h uma no é usado em apenas uma fração das suas potencialidades e será interes– sante ver como esses estímulos serão capazes de ampliar essa capacidade cognitiva. A juventude atual é uma prova disso, com a capacidade de fazer várias coisas simultaneamente. A c ho que temos ainda a perspec– tiva temporal e crítica para avaliar isso e muitas outras coisas. Repito que um dos problemas da pós-mo- dernidade é essa atitude de crítica, de negação dessas transformações contemporâneas, em vez de dirigir uma atitude crítica de investigação sobre essas transformações. - A c ho que uma das vantagens da pós-modernidade é que ela ainda não acabou.. (risos) O que eu quero dizer com isso é que nós ainda estamos em tempo de contribuir, de fazer alguma coisa para encontrar os melhores caminhos e para escolher. E acho que vocês deram uma enorme con– tribuição para a nossa Revista e para a nossa Escola. Muito obrigado.
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