Revista da ESPM - JUL-AGO_2007
CLÓVIS - No encontro de ontem, falando de um "mundo imundo", você aponta para uma inclinação do pen– samento moderno, de deslegitimação do mundo e dos corpos. Isso estaria na raiz do desrespeito a questões que temos debatido ligadas ao planeta, à ecologia etc. - justamente por desres– peitar as coisas do "mundo imundo'" - em privilégio da razão - o homem se permitiria torná-lo imundo de vez ? MAFFESOLI - No mome n to que vivemos, creio que nada é heresia, tudo é discutível. O que está em jogo é o desafio teórico importante - que nos preocupa - e tem a ver c om a ecologia. A grande especificidade da nossa época - da modernidade, por assim dizer - é, f undamen t al mente, uma concepção econômica do mundo. O termo " e c o n om i a" vem da an- tiga tradição judaico-cristã: que é e c o n om ia da salvação. No seu sentido simples, o termo quer dizer que existem leis exteriores à casa. A e c onom ia do século 19 tem raízes nessa concepção. Posteriormente, a e c onomia da salvação veio a tor– nar-se a e c onomia stricto sensu e é, aparentemente, a nossa concepção. Não tenho certeza de que a econo- mia tenha, ainda, um grande futuro pela frente, mas o atual conceito é hegemônico e é uma concepção bastante cristã do mundo.»
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