Revista da ESPM - JUL-AGO_2007
O que consideramos c omo História baseia-se nessa e c o n om ia da sal– vação. A filosofia da história, c om Hegel, todas as grandes teorias da emancipação - queiramos ou não - constituem o substrato da nossa ideologia. No meu entender, há, atualmente, um "escorregamento" da história em direção ao espaço, d a economia em direção à ecologia. Se a economia são as leis conferidas de maneira exterior à casa - ao oikós -, a ecologia é uma lei interior-a do logos -, eis aí a grande diferença. JR - Como podemos interpretar isso? MAFFESOLI - Esta expressão, que propus: o escorregamento da história rumo ao espaço, remete à perspectiva da lei da relatividade, de Einstein, que diz que, no final, há uma I contração do tempo no espaço. E por fim, as imagens; e entre essas imagens, a publicidade é simplesmente a ex– pressão ou ilustração contemporânea dessa einsteinização do tempo. Ao longo da história existe, ao mesmo tempo, um medo da imagem e um ódio do mundo, que se configura na desertificação, devastação, deserção - em todos os sentidos do termo. A j iconoclastia é uma luta que vem de muito longe, no Velho Testamento , contra o ícone e o ídolo, porque o ícone e o ídolo eram espaciais. Deu s é balizado e limitado por um pedaço de pedra ou de madeira. Em termo s mais prosaicos, o ícone, a imagem , eram algo que favorecia a orgia - não exatamente no sentido sexual. Temos, então, uma luta - por parte dos profe– tas - contra o ícone e contra a imagem , porque a imagem pode despertar os sentidos e levar ao desbragament o sexual. JR - Poderia explicar mais? MAFFESOLI - Ac ho que o que está em jogo, no espaço é, justamente, o | amor à terra, o amor aos frutos da terra. A ecologia é, no fundo, algo erótico - um erotismo social . Pessoalmente, não acho que se deva pôr a questão em termos de trans– gressão. Discuto com alguns dos meus pesquisadores a esse respeito; alguns deles continuam a empregar o termo transgressão. Não concordo, porque a transgressão é uma forma de con– testação, de luta, e o que me parece, atualmente, é que não há contestação. Basta ver a maneira como as pessoas estão vestidas ou despidas, como o
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