Revista da ESPM - JUL-AGO_2007

no luxo no que, em francês, se chama luxação. Um membro luxado não está funcional. A idéia de luxo remete à não-funcionalidade. Brincando em cima dessa idéia da luxação, acho que existe uma ligação a ser feita entre a publicidade e o luxo. Assim chegamos além da simples economia: o preço das coisas sem preço, se podemos conceituar assim. Outro momento histórico importante foi o Renascimento - o quattrocento -, quando a civilização era elaborada, sobre a não-funcionalidade e - como dizê-lo? - onde, finalmente, a econo– mia se superou. A grande figura do Renascimento torna-se o banqueiro. Interessante isso. Mas é um banqueiro que não se limita apenas à filosofia do dinheiro e que vai, ao mesmo tempo, financiar os artistas, criar a arquitetura, a pintura. Deixo esse conjunto para vocês, como pistas para que reflitam sobre cada uma delas. Não mais a simples econo– mia - mesmo se a economia domina -, mas alguma coisa que remete a uma concepção mais espacial - para mim, à ecologia. Creio que mencionei isso, ontem, na minha palestra: não estamos mais em uma sociedade de consumo, mas de consumação. A consumação é algo que queima, arde. Então, não só aquele que produz, consome - mas perde. A perda - uma idéia de Bataille - o dispêndio, algo que, no fundo, é dessa ordem. Daí a importância da imagem, da qual a publicidade é um a expressão. C L ÓV IS Neste "mu n do imun– do"...? MAFFESOLI - Um livro que escrevi há algum tempo - Au creux des ap– parences - foi traduzido para portu– guês, como No fundo das aparências - mas acho que o título não foi correto, pois quando falei em creu, queri a dizer le creusé - o oco das aparências. A idéia de escavar; de que as aparên– cias são ocas, assim como um nicho, onde se coloca uma estátua. Existe , nas aparências, esse vazio, ou seja, a forma arquitetônica, a forma da reali– dade social. Isso é espacialização. N o fundo, não há mais uma contenção do

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