Revista da ESPM - JUL-AGO_2007
Portanto, todas as ocasiões para refletir seriamente - em termos de pensamento - sobre o que cai e o que emerge são sempre úteis. E, como afirmei, nas duas vezes em que estive aqui, participand o desse trabalho importante, parece-me que existe um ângulo de abordage m privilegiada na publicidade. Sei que, sob alguns aspectos, minhas exposições podem parecer um tanto "difíceis". Havia refletido sobre o que estava no fundo da negação da ima– gem e acabei falando da einsteiniza- ção do t empo -a imagem é um tempo que se contrai. É que - a meu ver - toda reflexão sobre a imagem é correlata da re– flexão sobre a pós-modernidade. Uma expressão dessa imagem é a publici– dade. Não é a única, pois é preciso refletir também sobre a imagem televi– siva, a imagem informática etc. Mas é aquilo que chamamos de "expressão", como quando a gente espreme o suco de uma laranja fazendo sair a sua quin– tessência... Para mim uma expressão da imagem é a publicidade. Eis, para m i m, o tripé: pensar a pós-modernidade n a s c e n te é o nosso trabalho; ver c omo a i ma– gem tem uma ilustração e c omo a publicidade é uma expressão disso - quanto ao aspecto teórico. Send o assim, é preciso continuar, estou c on v e n c i do disso. JR- O Brasil tem alguma contribuição especial a dar? MAFFESOLI -Tenho dito e escrito isso - q ue o Brasil pode ser um laboratório da pós-modernidade, assim como a Europa foi o laboratório da moderni– dade. Para mim, São Paulo é um desses locais. Claro, para mim, visto de fora como um voyeur, São Paulo é um dos lugares específicos onde se pode fazer - pelas razões que eu apontei - essa reflexão que acabo de mencionar . Mais um detalhe sobre seminário, que acho importante: precisamos ter, além das exposições teóricas - como as que fizemos, o Giuliano Da Empoli e eu -outras que pudessem ilustrá-las. Isso que vocês fizeram foi, para mim, uma espécie de colocação em prática - de certo modo, empírica - e, no meu entender, ainda mais útil . Em geral, passo menos tempo nos colóquios, mas, neste, passei bastante tempo e aprendi coisas. Creio que se deveria dar mais espaço à discussão, ao mesmo tempo teórica e com uma espécie de ilustração, que permitisse mais intercâmbio. JR - Acha que a Psicologia é um dos focos que poderíamos incorporar à discussão? MAFFESOL I - Sem dúvid a e - além do mais-acho que, sob muitos aspec– tos, é um interesse específico da sua escola. O que se tornou lamentável nas universidades é que elas não são mais universidades. Era próprio das universitas essa dimensão transversal. Infelizmente - e não sei quais as limi– tações, nas universidades brasileiras - mas vejo, nas européias, que temos as disciplinas: Filosofia, Sociologia,
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