Revista da ESPM - JUL-AGO_2007

Psicologia e t c; poderíamos dizer, à maneira de Michel Foucault, que são confinamentos disciplinares. Você me conhece, já leu alguns dos meus livros, a minha posição é, ao contrário, transversal. Mi nha cadeira, na Sorbonne, é Sociologia, mas leio Filosofia, Psicologia, Ciência Política, Direito, leio os místicos - ou Teologia - tanto faz. Procuro retomar essa dimensão horizontal que é própri a da universitas no verdadeiro sentid o etimológico do termo. Com certeza, é importante incor– porar a Psicologia, apenas tomando certos cuidados. É preciso encontrar intervenientes ou protagonistas que não estejam confinados às suas dis– ciplinas: não engajar sociólogos que sejam apenas sociologizantes, filó– sofos filosofantes, psicólogos apenas psicologizantes etc. Precisamos trazer, para esse debate, a obra de Marx, a obra de Freud, as obras de Weber ou de Durkheim. E ao mesmo tempo, re– cuperar muito conhecimento jurídico, econômico, psicológico, etc. A Psicologia também sofreu um confi- namento. Um autor que utilizo muito nos meus últimos livros (na França, um autor maldito) é Carl Gustav Jung. Li, de forma sistemática, mas à minha maneira, uma dúzia de suas obras, e isso transparece nos meus livros. Eis um autor que trata da Psicologia profunda, mas, ao mesmo tempo, consegue integrarem sua análise uma série de autores múltiplos e diversos, de disciplinas múltiplas e diversas. Acho que Jung é um deles, que pode nos ajudar a refletir sobre o proces– so de epidemiologia e o processo de contaminação da imagem, por exemplo. No fundo, o que se busca em um autor é aquilo que eu chamo de "alavanca metodológica". Se não tenho vontade de estudar um autor em si mesmo, tudo bem. Mais que a erudição, interessa-me o que esse autor me permite compreender - ou seja, a alavanca. C L Ó V IS - Parece-me que a Socio– logia - c omo a Economia - sempre pensou, não a casa, mas as relações h uma n as - foi antropocêntrica. Nesse sentido - no elemento tribal do Brasil, das c omun i dades indí– genas - a maioria pensa na aldeia c omo lugar habitado não só por humanos, mas também pelas onças, pelas árvores. É uma s o c i e d a de não-antropocêntrica. Não a c ha que a Sociologia, mesmo na pós- | modernidade, não conseguiu ainda desenvolver um pensamento pós- antropocêntrico? M A F F E S O LI - E U O aconselharia a ler o meu livro O ritmo da vida, que trata disso. Como sempre, recorro à etimologia: a palavra ritmo vem do grego réo, reen. Isso quer dizer que não existe porvir senão a partir de uma fonte. A palavra ritmo significa que há um movimento a partir de um ponto fixo. Por e x e mp l o, alguém que dança uma v a l sa só poderá valsar b em na me d i da em que tiver os pés b em f i r mes no chão. A p a r t ir desse pé f i rme, pode-se dançar uma v a l sa rápida. Ter um r i tmo»

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