Revista da ESPM - JUL-AGO_2007
s i gn i f i c a, no f u n d o, ter um pon to de a n c o r a g e m. E e s se p o n to de a n c o r a g em é a n a t u r e z a, a terra. Havia-se pensado uma concepção do mundo puramente progressista e eu introduzo uma pequena nuance: um pensamento progressista quer dizer uma concepção que, de algum modo, explica o mundo, no sentido latino do termo explicare - tirar o plissado, desdobrar. Apoiando-me em autores como Gilles Delleuze, procurei mos– trar que havia implicação - a impli– cação é a dobra. Isso é outro modo de dizer uma sensibilidade ecológica, obviamente. Não pensar que se pos– sam explicar todas as coisas, mas que toda e cada coisa só existe porque há esse extrato, e que a sociedade é esse extrato. Nesse livro, falo também um pouco de publicidade, a que eu conheço na Europa e na França. Não se pode compreender a publicidade atual se não tiver em mente essa implicação. As coisas que provêm da terra, do fogo, da água, muito humanas, muito naturais; eis aí, tipicamente, no nível da publicidade, um processo de im– plicação que é uma outra maneira que não o mero progressismo que acreditava resultar no progresso. Em francês, não temos a palavra ingresso - que não é progresso. In– gresso, tal como eu entendo, é uma energia IN, de dentro. Em francês não se diz ingrès, mas, em italiano, em espanhol e em português, vocês têm a palavra ingresso: que não é apenas o progresso, mas remete ao processo de implicação - as dobras que constituem o ser humano e que constituem a sociedade. Será interessante v e r i f i c ar c omo - ainda que não de modo consciente -a publicidade remete a esse ingresso , a essa dobra, essa sedimentação: o oikos, a ecologia. O oikos é a casa - em latim, domus. Porém, oikos o u domus, trata-se, efetivamente, da fau-
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