Revista da ESPM - JUL-AGO_2007
E veja-se o que houve no campo da moda. Cada um de nós transmite sua identidade na maneira de se vestir. Até os anos 80, a moda era por tribos. Vestia-me de uma certa maneira para reivindicar a minha identidade: yup- pie, ou pós-punk etc. O fenômeno da moda nos anos 90 foi o cross-over, um pouco de tudo, que se combina e recombina. Não há mais tribos com modas separadas, tudo é cada vez mais convergente. Poderíamos c on– tinuar citando dezenas de outros exemplos. A convergência ocorre horizontal– mente, mas também no alto e em baixo. A cultura brasileira tem grande capacidade para recuperar a cultura de baixo. Na música, no esporte, até na política. A sua Semana Interna– cional de Arte Moderna fez a grande revolução, voltando os olhares para a beleza do que está aqui, e não nos salões de Paris. Isso também se generalizou: a partir de Andy Warhol, o alto e o baixo já não têm nenhu m sentido. Este seria o exemplo sincrético da brasilianização, que faz parte d o pólo do carnaval. Mas há também um pólo trágico, de risco. O Brasil não entra em guerra há muito tempo, ma s vocês vivem um conflito epidêmico permanente - em que 50 mil pessoas morrem, por ano, de maneira violenta. Esse também é um novo paradigm a que, a partir do dia 11 de setembro, Isso també m se generalizou : a partir de And y Warhol , o alto e o baix o já não têm nenhu m sentido . Este seria o exemplo sincrético da brasilianização, que faz parte do pól o do carnaval . torna-se cada vez mais e mais visível, e mais geral. A guerra, no mundo de hoje, não é mais de um exército contra outro, em que se combate, conquista, se perde um território ou uma fronteira. Ela é epidêmica. Já que a impertinência está na moda, tenta-se reconduzir isso aos cânones tradicionais, por exemplo, invadindo o Iraque -"pois, dessa forma, isso é reportado dentro de um quadro mais compreensível de um exército que invade um país. É clássico - é bastante claro. Mas é inteiramente impertinente, porque a guerra, hoje, não é mais isso e sim um fenômeno epidêmico; é o terrorismo. Não há mais exércitos. Em tese, cada »
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