Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2011 112 Podemos notar mudan­ ças consideráveis no perfil de consumo no país. Hoje, preço con­ corre em igualdade com qualidade, espe­ cialmente para bens duráveis, que exigem maior investimento, como eletrodomésticos e automóveis. país. Preço concorre com qualidade, especialmente para bens duráveis, que exigemmaior investimen- to. 2 Oconsumopassaa ser umhábito, eoprocessode decisão agora inclui ele- mentos mais subjetivos, fazendo com que ações no PDV (ponto de venda) tenham grande eficácia. 3 Novas experiências acontecem em vários campos: no lazer, no turismo e na alimentação. É fato que são feitas mais refeições fora do domicílio − pratos tradicionais são substituídos por refeições rá- pidas e aumenta a preferência por alimentos preparados. Estereótipos de gostos, hábitos, preferências são “quebrados”, mostram ser, realmente, “ideias preconcebidas” sobre o que não conhecemos di- retamente. Mudanças que revolu- cionam o modo como esse grupo deve ser visto, tratado e estudado. Os indivíduos não mais estão restritos aos círculos familiares e comunitários, mas são parte de um ambiente sociocultural-econômico-político globalizado, que exige participação, ou morte, porque também os excluídos são parte funcional da complexidade de uma sociedade multifaceta- da, que a tudo transforma em matéria-prima para as estatísticas sociais, que alimentam as man- chetes dos meios de comunicação. Tendo esse cenário como pano de fundo, esta discussão vê o consumo como “ cenário de objetivação de dese- jos ”, visto que consumir faz parte da relação desejante entre sujeitos da interpelação que nos constitui como tal (sujeitos), sendo também o lugar de circulação dos sentidos de distinção, de comunicação entre eles, para que haja, ao mesmo tempo, exclusões e legitimações (MARTIN-BARBERO, 1995). Um consumopensadocomoalgo intrínsecoàexistên- ciahumana,realizadonãosónoambienteurbano-capitalista,mas ondequer quehajabensmateriais que se transformamembens culturais pelas rela- ções sociais.Oconsumo, na cena contemporânea, onde o simbólico não é restrito a ritos e rituais tradicionais, sagrados até,mas é acionado a todo e qualquer instante.Umconsumodominanteeque, de certa forma, estrutura as atividades cotidianas, dando-lhes sentido e identidade (SLATER, 2002). Não se trata apenas de dizer que uma classe, ou um grupo socioeconômico, passa a ter acesso a bens até agora limitados ao grupo de maior poder aquisitivo, mas discutir e refletir sobre o estabelecimento de um novo cenário social. Dos bens materiais aos bens culturais, do consumo dos meios de informação e comunicação aos meios de transporte, da indústria de conteúdos ao turismo, lazer, e, claro, à educação, todos os setores da sociedade são afetados. É todo um sistema que deve se mover para en- tender, e atender a esse grupo. Considerando os diferentes estilos de vida das pessoas desse grupo, novos padrões de consumo e relacionamento comestabelecimentos emarcas impactam a maneira de atuar das empresas. Do ladomercadológico, se faz necessárionão apenas o desenvolvimento de novas estratégias merca- dológicas, novos planos de negócios, estudos comportamentais,mas adiscussãosobremodelos deanálise, degestão, aperfeiçoamentode técnicas de conhecimentode comportamento. Uma busca por tecnologias de barateamento de produção e estratégiasde logísticadedistribuição.Mais além, pensar na assistência para a manutenção das aquisições, nos serviços de seguro, nas eventuais mudanças de legislação. O indivíduo contemporâ­ neonãoserestringemais a círculos familiares ou comunidades, apenas; agora faz parte de um ambiente sociocultural-econômico-político glo­ balizado, que exige par­ ticipação, ou morte, pois os excluídos são parte funcional da complexi­ dade dessa sociedade multifacetada,queatudo transforma em matéria-primaparaasestatísticas sociaisquealimentamos meios de comunicação.

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