Revista da ESPM - JUL-AGO-2011
R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2011 114 No Brasil, a classeC temuma relação muito particular com a TV. Atualmente, uma das principaisemissorasdeTVdo país adapta sua programação para atender à baixa renda, hajavistaasclassesAeBnão serem mais impactadas pela comunicação de massa. Mudanças, mas nem tanto NoBrasil, o consumomidiáticoéparticularmente relevante para pessoas da classe C, sobretudo com relação à televisão. A facilitação do acesso aos aparelhos de TV repercutiu nas programa- ções que, a partir dos anos noventas, precisaram atender a este grupo, procurando fidelizar uma nova audiência aos anunciantes. 8 Hoje a Rede Globo muda sua programação para atender a essa nova classe C, que não é mais se- guidora das classes A e B. Uma classe que não é mais atingida, emse tratandode comunicaçãode massa, pela média, que quer se ver representada nos conteúdos ficcionais, informada sobre assun- tos próximos de sua realidade, pelos telejornais, que tem, no sábado, seudia de “sair de casa” para o lazer, agora acessível, ou até para as compras. No contexto de convergência tecnológica e midiática, problematizo a inserção das classes populares pensando nas mudanças decorrentes da ampliação das redes de comunicação, da ênfase do simbólico nas relações sociais. Ao falar de novas tecnologias de comunicação e seu impacto nas sociedades e culturas da América Latina, Martin-Barbero (2004), nos lembra da necessidade de reflexão sobre as relações entre essas tecnologias, culturas e identidades, fugindo ao idealismo. Tambémpor esse caminho,Wolton (2003), questiona a afirmativa de que o acesso aos novos serviços de informação “ coloca, no centro, o indivíduo e a democracia ”, visando ser ummeio de conhecer a realidadeedeagir, quando, na realida- de, fica “mais do lado do conhecimento-ação do que do lado da democracia”. Castells (2008), diz que, sob as condições da sociedade em rede que traz à tona os processos de construção de iden- tidade durante a modernidade tardia, induzindo Oconsumopassouaser um hábito, e o processo de decisão passou a incluir elementos mais subjetivos. Issoéeviden tenagrandeeficáciadas ações doPDV (ponto de venda), na maior parte das lojas. da estabilidade econômica, este é um valor importante, significando a perspectiva de ascensão social. Emergente de períodos de hiperin- flação, sobre o que aprendeu a falar nas conversas de botequim, sem, na realidade, saber exatamente o que isso significava. A perspectiva de uma vida sem grandes sustos financeiros e com possibilidade de obtençãodefinanciamentos 5 repre- senta a realização de sonhos, para umapopulaçãoaté agora carentede itens básicos de alimentação, como laticínios, carnes, produtos de higiene pessoal. O novo consumidor não necessita mais estocar produtos para preservar-se da inflação, ou esticar a despesa domês. Ele vai a cada quatro dias fazer compras. Resolvidas as demandas do cotidiano, os objetivos se voltam à aquisição de bens de maior valor, como imóveis e carros. Entre as mulheres, os interesses incluem cuida- dos com si própria, com a saúde, estética e vida social. Os critérios de compra sãopreço, inclusão, diferenciaçãoe indulgência (PesquisaAbril). 6 Em termos de valores, tem-se uma mulher menos conservadora emenos preconceituosa, aceitando melhor alguns tabus , comperspectivade“arranjos familiares alternativos”, embora ainda valorizem o casamento. 7 Um maior desejo de autonomia e independência motiva o empreendedorismo, comoqual tambémsonhammuitoshomens, que, para asmulheres, de certa forma, se realiza aten- dendoauma clientelaque surgepelapreocupação com aspectos pessoais, cuidados com a imagem (centros de estética e institutos de beleza). Uma mulher que se mostra mais alerta na busca por informações, mas que tem ainda a família e filhos como principal fonte de motivação e preocupações. Para atender a isso, dentro do orçamento familiar, preço e promoção sãomuito significativos, mas também analisam a relação qualidade/preço. A lealdade às marcas e/ou estabelecimentos não é uma prática, por outro lado, institui-se a compra em família, fato que se observa principalmente aos finais de semana em grandes supermercados e shopping centers mais populares.
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