Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

julho / agosto de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 119 sentido mais amplo, também denominado de economia criativa. Trata-se de um conjunto de setores que compõem algumas das mais dinâmicas atividades produtivas do mundo, constituindo-se, em alguns casos, no motor central da economia de algumas cidades. Umdos setoresmais representativosdaeconomia do entretenimento é a indústria do cinema, que através de uma cadeia produtiva desverticalizada e imbricada comoutras redes de valor, concentra uma expressiva e complementar variedade de pequenos fornecedores, profissionais autônomos, grandes empresas e atores institucionais, que se mobilizama cada projeto de filme. Esses, por sua vez, podem ser consumidos por milhões de es- pectadores, tal qual registraram as bilheterias de recentes casos de sucessonacionais comoas fran- quias de “Tropa de Elite” e “Se Eu Fosse Você”. Especificamente no caso de “Tropa de Elite”, a espantosa bilheteria, já na sua primeira versão (2,4 milhões de pessoas nas salas), poderia ter sido ainda maior, caso a pirataria não tivesse sido uma prática tão agressiva − segundo estimativas do Ibope, 11 milhões de pessoas assistiram “Tropa de Elite” em versão pirata. Sem entrar em detalhes, nem emmaiores re- flexões, alguns elementos são considerados importantes para explicar, em parte, o fenô- meno da pirataria de produtos audiovisuais. Há, sem dúvida, as questões da dissemina- ção das tecnologias de reprodução e exibição de mídias digitais, a expansão das redes de banda larga, e a própria densidade dos cir- cuitos informais da economia presentes na nossa sociedade. Mas, queremos chamar a atenção para o que pode contribuir para atrair uma boa parcela da po- pulação consumidora de filmes para o consumo pirata: a má distribuição espacial dos complexos de cinemas e salas de cinemas (pouco mais de 2.000 salas de exibição brasileiras estão concent radas em 8% dos municípios do país 1 ); e os próprios preços praticados nas bilheterias. Esses pontos podem ser resolvidos com a adoção de novos modelos de negócios para a exibição dos filmes. O modelo de negócios nada mais é do que uma forma racional de Quadro 1. DEFINIÇÃO DAS CLASSES ECONÔMICAS RENDA DOMICILIAR PER CAPITA A PARTIR DO TOTAL DAS FONTES FAMILIARES (LIMITES – PREÇOS 2011) Fonte: Neri (2010) Classe 0 751 Classe 751 1.200 Classe 1.200 5.174 Classe 5.174 6.745 Classe 6.745 INFERIOR SUPERIOR 11 milhões de pessoas assistiram “Tropa de Elite” em versão pirata.

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