Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

R E V I S T A D A E S P M – julho / agosto de 2011 126 Criado e desenvolvido na Itália desde o início do século XX, o café expresso é uma bebida à base de café preparada pela passagem de águamuito quente (mas não fervente) sob alta pressão pelo café moído. Como resultado do processo de extração sob alta pressão, todos os sabores e substâncias numa xícara de café expresso estão concentrados. O expresso é quimicamente complexo e volátil e muitos de seus componentes químicos se perdem por meio da oxidação ou perda de temperatura. mida no Brasil, nem sempre esse foi o cenário. Durante anos um café de menor qualidade era comercializado no mercado interno, enquanto o superior (do tipo arábica) era exportado. O consumo dentro do lar na classe média sem- pre foi evidente, mantido vivo pelos hábitos familiares; mas o consumo fora do lar, até 1973, ainda sofria com imagem de negativa. A abertura da economia em 1990 estimulou a entrada de cafés torrados e máquinas de café, inaugurando uma nova era para o consumo do café no Brasil. 5,6 Mercado de café O café mantém posição de destaque na eco- nomia nacional e mundial. O Brasil é o maior produtor (mais de 33% do total), mas ocupa apenas o terceiro lugar em relação ao consu- mo. O lado positivo é o aumento constante no consumo desde 2009, 7 que hoje representa 4,7 kg per capita /ano ou 16,4 litros da bebida café. Os principais sinais de que um café de melhor qualidade passou a ser comercializado mais intensamente no mercado brasileiro são: au- mento do consumo de café fora do lar; incre- mento da importação de cafés de países não produtores ( blends de maior valor agregado). O segmento de cafés especiais representou, em 2009, cerca de 12% do mercado internacio- nal da bebida, com um valor agregado médio de venda, em relação aos cafés tradicionais, de 30% a 40%. No Brasil, apesar de o consumo doméstico ser principalmente de cafés do tipo tradicional, no consumo fora do lar predomi- nam os cafés superiores e gourmet . Para esse tipo de café, segundo a ABIC 8 , estima-se que, apesar de sua pequena participação (3% do to- tal), continuará crescendo a taxas de 15% a.a. Entretanto, cabe aqui uma ressalva: a despei- to do fato de que os cafés especiais são um produto de nicho, tendo como público-alvo primário a classe A (que dentre todos os tipos de cafés consumidos por ela, 11% referem-se aos especiais), percebe-se um aumento consistente no consumo por parte da classe média [segmentada como tradicional (CMT 9 ) e nova (NCM 10 ). A tradicional apresenta um consumo de 6% em relação a todos os tipos consumidos por essa classe, enquanto na nova classe média os especiais representam 4% do consumo. Ainda nesse sentido, chama a atenção a disposição por pagar mais por um produto de qualidade, preocupação de 50% da CMT e 48% da NCM. Explicando o aumento do consumo de cafés especiais à luz da globalização Podem-se identificar vários fatores que im- pactam no aumento do consumo de café es- pecial pela classe média; entre eles, destacam-se: a convergência do consumidor global, os fatores econômicos e os socioculturais.

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