Revista da ESPM - JUL-AGO-2011

R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 14 } Há um dado interessante do IBGE mostrando que 70% da renda do trabalhador vão para qua- tro categorias de produtos: vestuário, moradia, alimentação e transpor te. ~ E N T R E V I S T A clientes para mostrar que as oportunida- des de negócios estão em todas as classes, inclusive nas classes A e B. O mercado de luxo tem previsão de crescimento de 30% no próximo ano e isso é uma oportunidade dentro das classes A e B e não na C. Esse foco excessivo na classe C ocorre, talvez, pelo fato de indicar uma grande mudan- ça: são quase 100 milhões de pessoas − é muita gente! GRACIOSO − E porque valida algumas ini- ciativas do governo, como o Bolsa Família. NELSOM − O Bolsa Famí lia está muito apoiado nisso, e veja que o próprio governo e a mídia em geral embarcam nessa, mui- tas vezes, sem ideologia. Essa questão da expansão da classe C não é recente, como a mídia e os governos fazem supor. Pelos dados que tenho, a expansão da classe C co- meça a partir de 1996, e tanto a FGV quanto o “Critério Brasil” medem essa expansão, que não é exclusividade do Brasil. Os pa- íses emergentes têm como características a expansão dessa classe. Até a Índia, que tem um sistema fechado de castas, apre- senta expansão da classe média. China, Irã e Rússia e todos os países emergentes têm essa classe em expansão, mas a mídia dourou a pílula dizendo que é o fato recente e exclusivo do Brasil. GRACIOSO − Num país mais maduro, como a Argentina, por exemplo, a classe média se compara à nossa nova classe C, ou é realmente aquela que chamamos de classe média tradicional? NELSOM − A classe média argentina é a tradicional, que tem um papel de cidadão mais intenso, com um nível educacional melhor e uma maior participação na socie- dade. O que é uma classe média? É um con- junto de pessoas, um suporte da sociedade, um grupo estruturalmente bem definido, com consciência de si, padrões de compor- tamento, estilos de vida e até projetos para a sociedade. Isso existe na Argentina, mas aqui nós não temos. GRACIOSO − Fale um pouco das clas- ses A e B, que começamos a entender agora. NELSOM − As classes A e B no “Critério Brasil” são compostas por pessoas que ganham acima de seis salários-mínimos aproximadamente. Mais precisamente, pelo último dado, o trabalhador que ganha 5,7 salários-mínimos já seria da classe B1. GRACIOSO − E que percentagem da popu- lação se enquadra nela? NELSOM – Temos 1% na classe A1, com renda média de R$ 12 mil. Outros 4% es- tão na classe A2, que ganha em torno de R$ 9 mil. O grande erro dos planejadores de marketing é pensar o Brasil a partir dos próprios umbigos, a partir do pequeno grupo em que eles convivem. As classes B1 e B2 têm 28%. GRACIOSO − Essa classe cresceu, é uma boa notícia.

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