Revista da ESPM - JUL-AGO-2011
R E V I S T A D A E S P M – maio / junho de 2011 20 } O mercado de luxo tem previsão de crescimen- to de 30% no próximo ano e isso é uma opor- tunidade dentro das classes A e B e não na C. ~ E N T R E V I S T A individualidade é o recurso que a classe média tradicional tem para manter-se di- ferenciada e é penoso para essas pessoas. Você tocou no ponto da homogeneidade, que acho interessante. Uma classe que ganha de R$ 1.200,00 a R$ 5.174,00 é muito diferente da outra classe que ganha entre R$ 1.245,00 e R$ 1.745,00. Então, já dá para, teoricamente, hipotetizar que esta última é mais homogênea. Mas, mesmo a classe C do “Critério Brasil” é diferente, as pessoas são muito diferentes. Tenho vários estudos que mostram ser possível formar diferentes segmentos dessas pessoas, que pensam o mundo diferente, se relacionam com as marcas de forma diferente e têm critérios de escolha diferentes. É preciso entender essa segmentação. Mas a mídia faz supor que a classe média é toda uma única bola, um todo homogêneo. Não, as pessoas são muito diferentes. Imagine uma classe média que está contida na classificação da GV: ela é muito mais diferenciada ainda. Por isso é importante um pedaço daquilo que está na classe B, que as empresas usam bem, já conhecem e tratam melhor. Essa classe C é também heterogênea e precisa ser melhor entendida na formulação de produtos e marcas, porque o “Cr itér io Brasil” só analisa as pessoas em termos de potencial de compra, sem considerar atitudes e valores, que devem ser estudados mais profundamente. Até mesmo o consu- mo, como a presença de computador nessa classe. Na classe C1, 50% dos domicílios já têm computador, mas na C2 apenas 26% têm o aparelho. Outro dado: 44% dos membros da C1 já têm automóveis, contra 10% da C2. GRACIOSO − Uma não tem nada a ver com a outra. NELSOM − O próprio acesso à internet é diferente: a C1 tem 41%, enquanto a C2 só 18%. Veja que, mesmo em termos de con- sumo, há uma diferença grande, um padrão de consumo muito diferente entre C1 e C2. Portanto, a classe C tem um padrão diferen- te de consumo, que é muito limitado pelos recursos financeiros, mesmo tendo volume de crédito. Gostaria de falar sobre essa questão da conectividade, do internauta que cresceu muito, porque isso está dando a elas essa sensação de pertencimento, coisa que antes não tinham. Há sete anos, as classes C, D e E representavam somente 35% dos internautas. Hoje já somam mais de 50%. Realmente, cresceu muito essa questão do acesso à internet em busca de informações. Essa questão parece ser mais relevante do que aumento de renda na expansão do con- sumo. Mas é sustentável? Essa é a pergunta para a qual não tenho resposta. } No Brasil, o que está havendo não é uma mobilidade social, mas uma mobilidade em termos de consumo e poder de compra. ~
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